15 de fev. de 2024

Exame Online de Proficiência Leitora (inglês ou espanhol) para pós-graduandos

 

Imagem: Charlotte May - Pexels

Estão abertas as inscrições para a primeira aplicação do Exame Online de Proficiência Leitora (PROLEITURA) no semestre 2024.1 organizado pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA)

Os exames serão realizados de maneira remota nas seguintes datas:

2° - aplicação: 23 de fevereiro
3° - aplicação: 22 de março
4° - aplicação: 26 de abril
5° - aplicação: 31 de maio
6° - aplicação: 26 de julho

A taxa de inscrição no PROLEITURA é de 75 reais para alunos da Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Para as demais pessoas interessadas, a taxa de inscrição é de 150 reais.

O PROLEITURA oferece certificação de proficiência em leitura acadêmica em língua inglesa e espanhola desde 2019, certificando mais de 2000 alunos de pós-graduação.

O PROLEITURA é composto por dois textos de divulgação científica na língua alvo do exame e 16 questões, sendo 14 questões de múltipla escolha e duas questões dissertativas que requerem respostas curtas em relação a informações nos textos. Todo o exame é elaborado na língua portuguesa e as perguntas dissertativas podem ser respondidas em português ou na língua alvo do exame.

Minha opinião é que, na realidade, todos os futuros professores de línguas estrangeiras deveriam conhecer e fazer os dois simulados ou pelo menos aquele da língua que estudam, pois responder as perguntas e refletir sobre os processos realizados será muito interessante e útil para qualquer docente.

Estes são os links diretos dos simulados:

1- Espanhol. https://forms.gle/Bwx7W59kphhD5d3d8
2- Inglês. https://forms.gle/5GmzuEbpnZkwRzTB7

Mais informações em:
https://celis.ufersa.edu.br/inscricao-proleitura/ 

 

10 de set. de 2023

Dicas para falar para as crianças sobre o ChatGPT e IA

Collage produzido com imagem gerada pelo DALL-E2
 
 
Aqui estão seis dicas essenciais do MIT Technology Review sobre como começar a dar ao seu filho uma educação em IA. Serve também para os professores. 

Como achei interessante fiz esta tradução.

1. Não se esqueça: a IA não é sua amiga

 
Os chatbots são construídos para fazer exatamente isso: conversar. O tom amigável e coloquial que o ChatGPT adota ao responder perguntas pode fazer com que os alunos esqueçam facilmente que estão interagindo com um sistema de IA, e não com um confidente de confiança. Isto poderia aumentar a probabilidade de as pessoas acreditarem no que estes chatbots dizem, em vez de tratarem as suas sugestões com ceticismo. Embora os chatbots sejam muito bons em parecer um ser humano solidário, eles apenas imitam a fala humana a partir de dados extraídos da Internet, diz Helen Crompton, professora da Old Dominion University especializada em inovação digital na educação.

“Precisamos lembrar as crianças de não fornecerem informações pessoais confidenciais a sistemas como o ChatGPT, porque tudo isso vai para um grande banco de dados”, diz ela. Depois que seus dados estão no banco de dados, torna-se quase impossível removê-los. Ele poderia ser usado para gerar mais dinheiro para empresas de tecnologia sem o seu consentimento, ou poderia até mesmo ser extraído por hackers.

2. Os modelos de IA não substituem os mecanismos de pesquisa

 
Grandes modelos de linguagem são tão bons quanto os dados com os quais foram treinados. Isso significa que, embora os chatbots consigam responder perguntas com textos que podem parecer plausíveis, nem todas as informações que eles oferecem serão corretas ou confiáveis. Os modelos de linguagem de IA também são conhecidos por apresentar informações falsas como se fosse fatos verdadeiros. E dependendo de onde esses dados foram recolhidos, podem perpetuar preconceitos e estereótipos potencialmente prejudiciais. Os alunos devem tratar as respostas dos chatbots como deveriam tratar qualquer tipo de informação que encontrem na internet: de forma crítica.

“Essas ferramentas não são representativas de todos – o que elas nos dizem é baseado naquilo em que foram treinados. Nem todo mundo está na Internet, então isso não será refletido”, diz Victor Lee, professor associado da Escola de Pós-Graduação em Educação de Stanford, que criou recursos gratuitos de IA para currículos do ensino médio. “Os alunos devem fazer uma pausa e refletir antes de clicarmos, compartilharmos ou repassarmos e sermos mais críticos em relação ao que vemos e em que acreditamos, porque muito disso pode ser falso.”

Embora possa ser tentador confiar em chatbots para responder a perguntas, eles não substituem o Google ou outros mecanismos de pesquisa, diz David Smith, professor de educação em biociências na Universidade Sheffield Hallam, no Reino Unido, que está se preparando para ajudar seus alunos no conhecimento dos usos da IA para ajudar no próprio aprendizado. Os alunos não deveriam aceitar tudo o que os grandes modelos de linguagem dizem como um fato indiscutível, diz ele, acrescentando: “Qualquer que seja a resposta que eles lhe derem, você terá que verificá-la”.

3. Os professores podem acusar você de usar uma IA quando você não o fez

 
Um dos maiores desafios para os professores agora que a IA generativa alcançou as massas é trabalhar quando os alunos usam a IA para escrever as suas tarefas. Embora muitas empresas tenham lançado produtos que prometem detectar se o texto foi escrito por um ser humano ou por uma máquina, o problema é que as ferramentas de detecção de texto de IA não são confiáveis e é muito fácil enganá-las. Tem havido muitos exemplos de casos em que os professores presumem que uma redação foi gerada pela IA, quando na verdade não foi.

Familiarizar-se com as políticas de IA da escola do seu filho ou com os processos de divulgação de IA (se houver) e lembrar seu filho da importância de cumpri-los é um passo importante, diz Lee. Se o seu filho foi injustamente acusado de usar IA em uma tarefa, lembre-se de manter a calma, diz Crompton. Não tenha medo de contestar a decisão e perguntar como ela foi tomada, e sinta-se à vontade para apontar os registros que o ChatGPT mantém das conversas de um usuário individual se precisar provar que seu filho não levantou o material diretamente, acrescenta ela.

4. Os sistemas de recomendação são projetados para fisgá-lo e podem mostrar coisas ruins

 
É importante compreender e explicar às crianças como funcionam os algoritmos de recomendação, diz Teemu Roos, professor de ciências da computação na Universidade de Helsínque, que está desenvolvendo um currículo sobre IA para escolas finlandesas. As empresas de tecnologia ganham dinheiro quando as pessoas assistem a anúncios em suas plataformas. É por isso que desenvolveram algoritmos de IA poderosos que recomendam conteúdo, como vídeos no YouTube ou TikTok, para que as pessoas fiquem fisgadas e permaneçam na plataforma o maior tempo possível. Os algoritmos rastreiam e medem de perto os tipos de vídeos que as pessoas assistem e, em seguida, recomendam vídeos semelhantes. Quanto mais vídeos de gatos você assistir, por exemplo, maior será a probabilidade de o algoritmo pensar que você deseja ver mais vídeos de gatos.

Esses serviços tendem a orientar os usuários para conteúdos prejudiciais, como a desinformação, acrescenta Roos. Isso ocorre porque as pessoas tendem a se concentrar em conteúdos estranhos ou chocantes, como desinformação sobre saúde ou ideologias políticas extremas. É muito fácil ser jogado na toca do coelho ou preso em um laço, então é uma boa ideia não acreditar em tudo que você vê online. Você também deve verificar as informações de outras fontes confiáveis.

5. Lembre-se de usar IA com segurança e responsabilidade

 
A IA generativa não se limita apenas a texto: existem muitos aplicativos deepfake gratuitos e programas da web que podem impor o rosto de alguém no corpo de outra pessoa em segundos. Embora os estudantes de hoje provavelmente tenham sido alertados sobre os perigos de compartilhar imagens íntimas online, devem ser igualmente cautelosos ao carregar rostos de amigos em aplicações desse tipo – especialmente porque isso pode ter repercussões legais. Por exemplo, os tribunais consideraram os adolescentes culpados de espalhar pornografia infantil por enviarem material explícito sobre outros adolescentes ou até sobre eles próprios.

“Temos conversas com crianças sobre comportamento on-line responsável, tanto para sua própria segurança quanto para não assediar, "doxx" ou "catfishing" qualquer outra pessoa, mas também devemos lembrá-las de suas próprias responsabilidades”, diz Lee. “Assim como rumores desagradáveis se espalham, você pode imaginar o que acontece quando alguém começa a divulgar uma imagem falsa.”
 
*doxxing = significa divulgar informações privadas de uma pessoa para assediar, ameaçar ou se vingar dela.
*catfish = a prática de pessoas que criam perfis com informações e fotos falsas na internet para enganar emocional e/ou financeiramente suas vítimas.


Também ajuda a fornecer às crianças e adolescentes exemplos específicos dos riscos legais ou de privacidade do uso da Internet, em vez de tentar falar com eles sobre regras ou diretrizes abrangentes, salienta Lee. Por exemplo, explicar-lhes como as aplicações de edição facial de IA podem reter as imagens que carregam, ou apontar-lhes notícias sobre plataformas que estão sendo pirateadas, pode causar uma impressão maior do que avisos gerais para “ter cuidado com a sua privacidade”, diz ele.


6. Não esqueça o que a IA realmente faz de bom

 
Nem tudo é desgraça e tristeza. Embora muitas das primeiras discussões sobre IA na sala de aula girassem em torno de seu potencial como uma ajuda para trapacear, quando usada de forma inteligente, pode ser uma ferramenta extremamente útil. Os alunos que têm dificuldade para entender um tópico complicado podem pedir ao ChatGPT que o descreva passo a passo, ou para reformulá-lo como um rap, ou para assumir a personalidade de um professor especialista em biologia para permitir que testem seus próprios conhecimentos.  Também é excepcionalmente bom para elaborar rapidamente tabelas detalhadas para comparar os prós e contras relativos de certas faculdades, por exemplo, que de outra forma levariam horas para serem pesquisadas e compiladas.

Pedir a um chatbot glossários de palavras difíceis, ou para praticar questões de história antes de um questionário, ou para ajudar um aluno a avaliar as respostas depois de escrevê-las, são outros usos benéficos, aponta Crompton. “Desde que nos lembremos do preconceito, da tendência para alucinações e imprecisões e da importância da literacidad digital – se um aluno a utiliza da forma correta, isso será óptimo”, diz ela. “Estamos todos descobrindo à medida que avançamos.”
 
Referência original:  Williams, Rhiannon; Heikkilä, Melissa . You need to talk to your kid about AI. Here are 6 things you should say. MIT Technology Review, September 5, 2023. https://www.technologyreview.com/2023/09/05/1079009/you-need-to-talk-to-your-kid-about-ai-here-are-6-things-you-should-say
 
versão em espanhol: Consejos del MIT de cómo hablar a los niños sobre el ChatGPT y la IA  https://gonzaloabio-ele.blogspot.com/2023/09/consejos-del-mit-de-como-hablar-los.html

7 de mai. de 2023

Perplexity me deixou entusiasmado.

 

Perplexity (https://www.perplexity.ai/) é uma ferramenta de IA com muitas vantagens em relação ao ChatGPT na hora de fazer buscas acompanhadas de referências. A conheci através de um vídeo curto da espanhola Meritxell Viñas, de TotemGuard.

Para testar repliquei as mesmas perguntas que eu tinha feito antes para o ChatGPT em relação com uma pesquisadora brasileira que trabalha com leitura. O ChatGPT, na sua versão 3.5, "alucinou" (inventou) bastante nas respostas, mas a versão 4, mais recente, comunicou que não conhecia essa pessoa, algo que considero que é melhor que inventar o que está dizendo. O Perplexity, pelo contrário, conseguiu responder decentemente as mesmas perguntas citando as fontes utilizadas. 

Podem ver a interação com Perplexity  aqui 

As fontes e referências que Perplexity oferece são reais, não como fez nos testes o ChatGPT que as inventa.

As respostas de Perplexity são concisas, objetivas e muito mais diretas que o ChatGPT que vai te enrolar em uma polida conversa. 

São vários os aspectos muito interessantes e com grande potencial pedagógico que eu vejo em Perplexity:

1- Perplexity seleciona referências recentes e/ou relevantes.

2- As referências ou recursos utilizados podem ser consultados.

3. Depois de dar as respostas mostra outras perguntas possíveis ou sugestões de temas relacionados. Isto é muito importante porque permite que os alunos continuem aprofundando no conhecimento do tema em questão.

Podemos somar na lista um outro diferencial importante. Seu acesso fácil, pois Perplexity não precisa de inscrição ou login para ser usado.   

O fato de não ter que fazer um cadastro para usar o chatbot tem grande valor. Dessa forma evitamos ter que oferecer os dados dos nossos alunos para um uso eventual da ferramenta em uma aula. Podemos compartilhar depois, por meio de um link, as interações que foram geradas.

Nas interações, o chatbot conseguiu compreender sem problemas meus pedidos, apesar de alguns erros propositais nas perguntas que realizei. Isso é mais um ponto positivo que pode ajudar os alunos, pois é muito comum não saber o nome exato do pesquisador ou do conceito que estamos procurando.

Devo salientar que as respostas não são tão completas quanto eu tivesse gostado, mas o resultado é confiável e bastante diferente do que encontrei com o ChatGPT que precisa de muito senso crítico e cuidado pela parte do usuário, como mencionei em outro texto

"Queremos avançar na maneira como as pessoas descobrem e compartilham informações" é o slogan, muito pertinente, do time desenvolvedor do Perplexity.

Acho que os professores precisam urgentemente ver como utilizar esses recursos e possibilidades nas práticas pedagógicas, pois nossos alunos vão usar ferramentas como essa nas tarefas de casa, querendo você ou não. 😉

O que vocês acham de tudo isso?

Já visualizei várias possíveis atividades com Perplexity que vou colocar em prática logo logo.



24 de abr. de 2023

Três usos básicos da tecnologia na educação

Em um exercício de prática para não esqueçer a fluência tecnológico-pedagógica com plataformas útéis como Genially, preparei este exemplo de apresentação com três usos da tecnologia, dando atenção especial para a área nossa de ensino de línguas extrangeiras:


Por se alguém perguntar, TDICE quer dizer Tecnologias Digitais de Informação, Comunicação e Expresão. Esse termo parece ser mais conveniente para os tempos atuais que outras siglas mais conhecidas como TIC ou TDIC.

Podem conhecer outras siglas ou abreviaturas de tecnologia aquí.

 

23 de abr. de 2023

Wikipédia ou ChatGPT? Minha opinião sobre uma conversa com o ChatGPT

 Na virada do ano e primeiros meses de 2023 o mundo ficou fascinado com o ChatGPT que se tornou rapidamente um fenômeno de audiência.

Como tantas pessoas, eu também testei o chatbot da empresa Open AI.

Uma das primeiras "conversas" que tive com ele foi para ver se conseguia ajuda rápida em uma disciplina que estava preparando nesse momento sobre como fazer pesquisas em línguística.

 

Como podem ver na imagem da tela inicial, antes de iniciar a conversa aparecem exemplos de uso e também algumas das potencialidades e limitações do ChatGPT. Mais adiante vou focalizar nas limitações.

Esta foi a primeira parte da conversa. 


Pergunta minha:

Qual é a importância da fazer pesquisa na linguística?

Resposta do ChatGPT:

A pesquisa em linguística é importante porque permite compreender como a linguagem funciona e como é usada na comunicação humana. Ajuda a explicar questões como a aquisição da linguagem, a variação linguística, a mudança ao longo do tempo e a relação entre a linguagem e a cognição. Além disso, a pesquisa em linguística pode ter aplicações práticas, como na melhoria do ensino de línguas e na resolução de problemas de comunicação.

Pergunta minha:

Por que os professores de línguas devem fazer pesquisa?

Resposta do ChatGPT:

Os professores de línguas podem se beneficiar pesquisando porque isso pode ajudá-los a:

1. Compreender melhor o processo de aquisição da linguagem: as pesquisas em linguística podem fornecer informações valiosas sobre como as pessoas aprendem uma língua, o que pode ajudar os professores a desenvolver estratégias de ensino mais eficazes.

2. Ficar atualizado com as últimas tendências e descobertas na área: a linguística é uma disciplina em constante evolução, e fazer pesquisa pode ajudar os professores a ficar por dentro das últimas descobertas e tendências.

3. Melhorar sua prática de ensino: ao conduzir pesquisas, os professores de línguas podem identificar problemas e desafios comuns enfrentados por seus alunos, o que pode ajudá-los a melhorar sua prática de ensino.

4. Contribuir para a comunidade acadêmica: ao participar da pesquisa, os professores podem contribuir para o avanço do conhecimento na área de linguística e compartilhar suas descobertas com outros profissionais da área.


Pergunta minha:

Quais são os tipos de pesquisa mais usados na linguística?

Resposta do ChatGPT:

Na linguística, existem vários tipos de pesquisa, incluindo:

1. Pesquisa quantitativa: enfoca na coleta e análise de dados quantitativos, como a frequência de uso de determinadas palavras ou expressões em um corpus de linguagem.

2. Pesquisa qualitativa: enfoca na coleta e análise de dados qualitativos, como entrevistas com falantes nativos ou análise de discurso.

3. Estudos experimentais: envolvem a manipulação de variáveis independentes para testar hipóteses sobre a linguagem.

4. Estudos de caso: enfocam em uma ou poucas pessoas ou comunidades linguísticas, coletando e analisando dados detalhados sobre suas práticas linguísticas.

5. Pesquisa baseada em corpus: enfoca na coleta e análise de grandes quantidades de dados linguísticos, como corpus de linguagem, para investigar questões linguísticas específicas.

Estes são apenas alguns dos tipos de pesquisa comumente usados na linguística, e muitas vezes, as pesquisas são combinações desses tipos ou utilizam abordagens múltiplas.


Pergunta minha:

Apenas esses tipos?

Resposta do ChatGPT:

Existem outros tipos de pesquisa na linguística, incluindo:

6. Análise de variabilidade linguística: investiga como a linguagem varia em diferentes contextos sociais, geográficos, históricos e outros.

7. Estudos de aquisição da linguagem: investigam como as crianças adquirem a linguagem, incluindo as primeiras palavras e frases, a gramática e a prosódia.

8. Análise da mudança linguística: investiga como a linguagem muda ao longo do tempo e as causas dessas mudanças.

9. Análise da relação entre linguagem e cognição: investiga como a linguagem está relacionada à percepção, memória, pensamento e outras funções cognitivas.

10. Estudos sobre linguagem e tecnologia: investigam como a tecnologia está influenciando a linguagem, incluindo a comunicação via mensagens de texto, voz e internet.

Estes são alguns dos muitos tipos de pesquisa na linguística. A escolha do tipo de pesquisa depende do objetivo da pesquisa e da pergunta a ser respondida.


Pergunta minha:

E na sociolinguística?

Resposta do ChatGPT:

Na sociolinguística, alguns dos tipos de pesquisa incluem:

1. Estudos de variabilidade linguística: investigam como a linguagem varia em diferentes grupos sociais, como idade, gênero, raça/etnia, classe social e outros.

2. Análise do uso da linguagem em contextos sociais: investigam como a linguagem é usada em diferentes contextos sociais, incluindo conversas, discursos públicos, mídia e outros.

3. Estudos de aquisição da linguagem: investigam como as crianças adquirem a linguagem em diferentes contextos sociais e como isso afeta a sua identidade linguística e social.

4. Estudos sobre a relação entre linguagem e poder: investigam como a linguagem pode ser usada para exercer poder ou influência em diferentes contextos sociais.

5. Estudos sobre a relação entre linguagem e identidade: investigam como a linguagem está relacionada à identidade pessoal e social, incluindo raça/etnia, gênero, classe social e outros.

Estes são apenas alguns dos tipos de pesquisa comumente usados na sociolinguística, e muitas vezes, as pesquisas são combinações desses tipos ou utilizam abordagens múltiplas. 

Pergunta minha:

E em relação com a pesquisa em sala de aula?

Resposta do ChatGPT:

Na pesquisa em sala de aula, alguns dos tipos de pesquisa incluem:

1.    Estudos de efetividade de programas de ensino: investigam se determinados programas de ensino, técnicas ou tecnologias têm um impacto positivo no aprendizado dos alunos.

2.    Estudos de motivação e engajamento dos alunos: investigam como a motivação e o engajamento dos alunos afetam o seu aprendizado e comportamento em sala de aula.

3.    Análise da interação professor-aluno: investigam como a interação entre os professores e os alunos afeta o aprendizado e o comportamento em sala de aula.

4.    Estudos de avaliação: investigam como diferentes tipos de avaliações afetam o aprendizado dos alunos, incluindo avaliações formais, informais e autoavaliações.

5.    Estudos de aprendizagem colaborativa: investigam como a aprendizagem colaborativa, incluindo trabalho em grupo e resolução de problemas em equipe, afeta o aprendizado dos alunos.

Estes são apenas alguns dos tipos de pesquisa comumente usados na pesquisa em sala de aula, e muitas vezes, as pesquisas são combinações desses tipos ou utilizam abordagens múltiplas. O objetivo da pesquisa em sala de aula é fornecer insights sobre como melhorar a educação e o aprendizado dos alunos.


Pergunta minha:

No caso da pesquisa no ensino de línguas com tecnologias quais são as linhas de pesquisa mais interessantes e recentes?

Resposta do ChatGPT:

Na pesquisa no ensino de línguas com tecnologias, algumas das linhas de pesquisa mais interessantes e recentes incluem:

1. Aprendizagem adaptativa: investiga como a tecnologia pode ser usada para personalizar a aprendizagem de acordo com as necessidades individuais dos alunos.

2. Gamificação: investiga como jogos e técnicas de gamificação podem ser usados para melhorar a motivação e o engajamento dos alunos no aprendizado de línguas.

3. Aprendizagem móvel: investiga como o uso de dispositivos móveis, como smartphones e tablets, pode ser usado para melhorar a aprendizagem de línguas.

4. Inteligência artificial e aprendizagem de línguas: investiga como a inteligência artificial e outras tecnologias avançadas podem ser usadas para melhorar a aprendizagem de línguas.

5. Aprendizagem por meio de interações virtuais: investiga como a tecnologia pode ser usada para criar interações virtuais entre os alunos e os professores, e como isso pode melhorar a aprendizagem de línguas.

Estas são apenas algumas das linhas de pesquisa mais recentes e interessantes na área de ensino de línguas com tecnologias, e as pesquisas muitas vezes combinam várias dessas abordagens ou utilizam tecnologias combinadas. O objetivo é encontrar maneiras eficazes de usar a tecnologia para melhorar a aprendizagem de línguas.


Em outro momento da conversa perguntei sobre recomendações para um TCC:

Pergunta minha:

Preciso pensar em um projeto de pesquisa para meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) na área de ensino de espanhol para brasileiros. O que você me recomendaria?

Resposta do ChatGPT:

Se você está procurando uma ideia para o seu TCC na área de ensino de espanhol para brasileiros, algumas sugestões de projetos de pesquisa incluem:

1.  Análise das dificuldades encontradas pelos estudantes brasileiros na aprendizagem da língua espanhola: Nesse projeto, você pode explorar as dificuldades mais comuns encontradas pelos estudantes brasileiros na aprendizagem da língua espanhola, bem como as possíveis soluções e estratégias para superá-las.

2. Avaliação do uso de tecnologias no ensino de espanhol para brasileiros: Esse projeto pode analisar a efetividade das tecnologias, como jogos digitais, aplicativos móveis e vídeos, no ensino de espanhol para brasileiros.

3. Análise da efetividade de métodos pedagógicos diferenciados no ensino de espanhol para brasileiros: Você pode comparar a efetividade de diferentes métodos pedagógicos, como aprendizagem baseada em projetos, ensino interativo e aprendizagem baseada em grupo, no ensino de espanhol para brasileiros.

Estas são apenas algumas ideias para o seu projeto de TCC. É importante que você escolha um tópico que seja de seu interesse e que possa ser bem pesquisado. Certifique-se de que há suficiente material disponível para apoiar a sua pesquisa e lembre-se de sempre seguir as diretrizes do seu programa de graduação ao escolher um projeto.

Perfeito. Fiquei bastante satisfeito até esse momento da conversa. Foi um diálogo longo sobre vários temas que deu resultados interessantes. 

O chatbot conversou naturalmente comigo de acordo com minhas perguntas e me proporcionou rapidamente um conhecimento geral e muito bem articulado, com base nos textos com os quais foi treinado previamente.  Por exemplo, as informações acima, sem grandes mudanças, seria o que eu colocaria em uma apresentação geral de introdução da disciplina, isto é, me pouparia o trabalho de fazer essa síntese, mas a coisa começou a complicar quando perguntei a continuação sobre autores e trabalhos especificos.

O ChatGPT citou vários conhecidos, mas inventou outros e mencionou textos que não existem ou que não consegui verificar, mas da forma como foi apresentada a informação parecia que existissem realmente.

Aqui está um exemplo:

Pergunta minha:

Pode mencionar algum trabalho sobre IA no ensino de línguas estrangeiras?

Resposta do ChatGPT:

Há vários trabalhos importantes sobre o uso da Inteligência Artificial (IA) no ensino de línguas estrangeiras. Alguns dos trabalhos mais notáveis incluem:

"An Investigation of an Artificial Intelligence Tutor for Second Language Vocabulary Acquisition" de R. Xu, Y. Yang, e Z. Li (2017)
"The Impact of Artificial Intelligence on the Teaching of English as a Foreign Language: A Review of the Literature" de S.K. Pal, e B. Basu (2019)

"A Review of Intelligent Language Tutoring Systems for Second Language Acquisition" de J. P. McLaren e L. He (2007)

"The Future of Intelligent Tutoring Systems for Language Learning: A Review of the Literature" de X. Chen e Y. Liang (2011)

🤔  Como assim?

Aí chegamos no aspecto mais importante que queria chamar a atenção de vocês. A alucinação nas respostas.

Vocês conhecem esses trabalhos citados? Podem ser encontrados e lidos? Acho que não.

Vamos para outro exemplo negativo.

Eu perguntei sobre alguns linguistas aplicados brasileiros e as respostas foram pouco seguras. Na realidade o chatGPT estava inventando coisas para manter a conversa.

Este foi um dos resultados nessa parte:

Pergunta minha:

E trabalhos da Carla Coscarelli sobre leitura online, quais poderia recomendar?

Resposta do ChatGPT:

Carla Coscarelli é uma professora e pesquisadora renomada na área de leitura e compreensão de textos na língua estrangeira.

Alguns dos seus trabalhos mais recentes incluem:
1.    "Reading online in a foreign language: A critical review of the research" (2017)
2.    "Developing Online Reading Comprehension Skills in English as a Foreign Language" (2015)
3.    "The role of L1 and L2 in online reading" (2012)
4.    "Developing online reading comprehension: An experimental study" (2011)

Estes trabalhos exploram questões importantes relacionadas à leitura online em línguas estrangeiras, incluindo a influência da primeira língua na compreensão de textos online, o desenvolvimento de habilidades de compreensão de leitura online, e a análise crítica da pesquisa nesta área. Eles oferecem uma visão valiosa da pesquisa atual sobre leitura online em línguas estrangeiras e são amplamente citados e respeitados na comunidade acadêmica. 

Esses trabalhos que você mencionou de Carla Coscarelli são em inglês ou em português?

Os trabalhos que mencionei de Carla Coscarelli são em inglês.

Foi a resposta do ChatGPT. ☝️

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O que posso concluir de tudo isto neste momento?

O ChatGPT é um modelo de linguagem natural, mas não é um modelo de conhecimento.  

Se fosse para comparar a Wikipédia com o ChatGPT considero que a Wikipédia é mais confiável, pois normalmente as entradas são verificadas e devem ser apoiadas em referências. O ChatGPT não faz isso....... ainda. 

Podem ver que digo isto como uma opinião baseada em poucas experiências como usuário. Também estou relativizando com um "ainda" porque os testes foram feito em janeiro e fevereiro de 2023, aproveitando que eu estava de férias, e tudo isto avança muito rapidamente.

A versão 4 do ChatGPT parece que é muito superior quando comparada às versões anteriores. Provavelmente as API para integração com outras ferramentas devem proporcionar um salto em qualidade reunindo em várias camadas a presença e valor da IA nas aplicações do dia a dia. Por exemplo, a Microsoft já incoporou o ChatGPT no Bing.

Em termos acadêmicos e de aprendizagem  várias questões me preocupam no uso que muito provavelmente será feito cada vez mais de ferramentas apoiadas na IA como esta. 

O mais importante. Se não sabemos se o ChatGPT está alucinando, ou seja inventando coisas, qual será a segurança ou confiabilidade que poderiamos ter, estudantes e professores, sobre os resultados dados nas perguntas feitas como as que apresentei?

Isso mesmo, o ChatGPT pode alucinar, como bem explica Anderson Rocha com outros exemplos em uma entrevista para Carlos Rydlewski do jornal Metrópoles. Em inglês basta fazer uma pesquisa com os termos ChatGPT hallucination.

Utilize o ChatGPT com cuidado e criatividade. Essa é a primeira recomendação geral que brindam Sabzalieva e Valentini em um documento recente da UNESCO/IESALC (2023) em inglês ou espanhol.

Nesse mesmo documento aparece um diagrama de fluxo interessante.

fonte da imagem: Tiulkanov (2023 apud SABZALIEVA; VALENTINI, 2023, p. 8).


Se para nós é difícil saber se o texto produzido é real e confiável ou não, como será para os alunos com menos conhecimentos nessas áreas?

Com base nas recomendações de vários autores (ATLAS, 2023; BAIDOO-ANU; OWUSU ANSAH, 2023; LO, 2023; SABZALIEVA; VALENTINI, 2023; SULLIVAN; KELLY; MCLAUGHLAN, 2023) é urgente colocar em pauta de discusão das universidades o uso da IA, somado ao letramento necessário para o trabalho com este tipo de sistemas, por exemplo, para saber como gerar prompts (ordens) eficaces, discutir os resultados gerados e cuidar a integridade acadêmica, entre muitas outras questões.

[...] isso demonstra a necessidade de mais pesquisas e discussões sobre as implicações das ferramentas de IA, incluindo uso ético, práticas inovadoras de ensino e aprendizagem e garantia de acesso equitativo a oportunidades educacionais. A medida que essas tecnologias continuam avançando, é importante que as universidades se adaptem e adotem o uso de ferramentas de IA de forma a apoiar o aprendizado dos alunos e prepará-los para os desafios de um mundo cada vez mais digital (SULLIVAN; KELLY; MCLAUGHLAN, 2023, p.7).
 
Agora bem. Esta situação me fez lembrar que algo parecido aconteceu quando apareceu e se popularizou o tradutor automático de Google. Nos inícios eu mostrava para os docentes que as traduções que ele era capaz de realizar eram pouco confiáveis, mas o que aconteceu depois?
 
Hoje, até os tradutores profissionais utilizam o tradutor de Google como uma ajuda nas traduções. 
 
Algo parecido deve acontecer com o ChatGPT e outras ferramentas da empresa Open AI ou de outras ferramentas de IA, assim que mais vale começar a pensar em pautas e procedimentos claros e ajustáveis para esta nova situação nas universidades e na educação em geral.
 
Referências

ATLAS, Stephen. ChatGPT for Higher Education and Professional Development: A Guide to Conversational AI, College of Business Faculty Publications [Preprint] 2023. https://digitalcommons.uri.edu/cba_facpubs/548

BAIDOO-ANU, David; OWUSU ANSAH, Leticia. Education in the Era of Generative Artificial Intelligence (AI): Understanding the Potential Benefits of ChatGPT in Promoting Teaching and Learning. SSRN, 4337484, January 25, 2023. https://dx.doi.org/10.2139/ssrn.4337484

LO, Chung Kwan. What Is the Impact of ChatGPT on Education? A Rapid Review of the Literature. Education Sciences, v. 13, n. 4, 410, 2023. https://doi.org/10.3390/educsci13040410

RYDLEWSKI, Carlos. ChatGPT: “Cuidado, ele alucina”, diz especialista. Metrópoles, 04/03/2023.  https://www.metropoles.com/negocios/chatgpt-cuidado-ele-alucina-diz-especialista

SABZALIEVA, Emma; VALENTINI, Arianna. ChatGPT and Artificial Intelligence in higher education. Quick start guide. UNESCO/IESALC, 2023.
https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000385146

SABZALIEVA, Emma; VALENTINI, Arianna. ChatGPT e inteligencia artificial en la educación superior: guía de inicio rápido. UNESCO/IESALC, 2023
https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000385146_spa

SULLIVAN, Miriam; KELLY, Andrew; MCLAUGHLAN, Paul. ChatGPT in higher education: Considerations for academic integrity and student learning. Journal of Applied Learning and Teaching, v. 6, n. 1, 2023. https://doi.org/10.37074/jalt.2023.6.1.17




27 de jul. de 2022

O maldito 40% da EaD nos cursos presenciais nas IFES

Recentemente participei como aluno em um curso para os docentes da minha instituição, com o intuito de conhecer melhor a Portaria 2.117/2019  que dispõe sobre a oferta de carga horária na modalidade de Ensino a Distância - EaD em cursos de graduação presenciais ofertados por Instituições de Educação Superior - IES pertencentes ao Sistema Federal de Ensino.

Como tenho interesse nesse tema que, dito seja de passo, está efervescendo na minha instituição neste momento, decidi participar e ver os diversos pontos de vista dos alunos e da professora, todos colegas da mesma universidade. 

O curso, chamado METODOLOGIAS PARA IMPLEMENTAÇÃO DE UM PERCENTUAL DE ATIVIDADES NA MODALIDADE EAD EM CURSOS PRESENCIAIS, foi muito bem ministrado pela professora Lana.

Na primeira aula tivemos um histórico da EaD e das diferentes Portarias do MEC sobre esse tema:
 


Podemos ver que há mais de uma década já existiam esforços para incentivar e regulamentar a incorporação de alguma carga horária nos cursos e disciplinas presenciais. Não é recente.  Depois do 20% veio o 40% de possibilidades de aproveitamento, mas essa incorporação não é obrigatória. Desde que bem delimitada no PPC do curso pode ser em qualquer proporção até esse limite e sem contar as disciplinas práticas.

A primeira tarefa para os alunos do curso foi esta que aparece acompanhada de uma imagem:


Bom, aqui está a minha resposta, na qual acrescentei agora para este post alguns elementos adicionais:


A imagem realmente é bem instigante. Ela me fez lembrar, logo de início, uma live da professora Ana Elisa Ribeiro nos primeiros momentos da pandemia (RIBEIRO, 2020) que depois foi publicada em forma de artigo (RIBEIRO, 2021).

Nessa apresentação da professora Ribeiro, alêm de chamar a atenção para as carências estruturais nas escolas da educação básica, também apresentou como exemplo a foto de um menino de Recife que, sem acesso a dispositivos digitais e internet, recorre a uma loja de telefonia móvel de um importante shopping da capital pernambucana para realizar suas atividades de pesquisa, fato que foi bastante noticiado.

Indo para a pergunta principal, ainda ecoam as palavras da professora Ribeiro, pois no uso de tecnologias na educação, a integração e equilíbrio entre os diversos fatores humanos e tecnológicos é fundamental. Se faltar um elemento, o processo fica manco e não funcionará.

É por isso que resalto a necesidade de uma infraestrutura tecnológica necessária para o desenvolvimento das atividades.

Isso é mostrado de forma mais visual, por exemplo, no modelo Four in Balance, desenvolvido em 2001 pela Fundação TIC para a  Escola,  da  Holanda,  atualmente  conhecida como Fundação Kennisnet.

Esse modelo possui dois elementos (os humanos e os tecnológicos), sendo que o elemento humano é constituído por dois eixos -visão e competência-; e o elemento tecnológico, pelos eixos conteúdos e recursos digitais, e infraestrutura.

Modelo Four in Balance da Kennisnet (ALMEIDA, VALENTE, 2016, p. 31).

Os quatro eixos mencionados no modelo devem ser alcançados em uma perspectiva de equilíbrio entre eles e perpassados transversalmente por um eixo constituído por currículo, avaliação e pesquisa, como podemos ver na representação seguinte, tomada do mesmo documento (p. 35):

 

 

Em relação com a EaD no contexto da UFAL, sem ignorar as outras três dimensões do modelo, julgo essencial que a infraestrutura dos polos da EaD seja mantida totalmente operativa, com computadores atualizados funcionando e com acesso à Internet de qualidade. Não se trata apenas de garantir uma conectividade e redes wifi. É importante que os computadores funcionem decentemente, pois um acesso através de um celular smartphone pode facilitar a conexão e o consumo de informações para o estudo básico do aluno, mas não ajuda muito para a produção de textos acadêmicos, pesquisa multidocumentos e produtos mais complexos, para o qual os computadores tornam-se essenciais.

Dessa forma, chamo a atenção para os polos, mas também as bibliotecas nos diversos campis, como locais privilegiados que são para o para estudo e busqueda de referências e informações, que devem ser plenamento atendidos para facilitar as atividades acadêmicas.     

Só dessa forma, com acesso garantido, é que poderemos dar resposta à possibilidade de ensaiar o oferecimento de algumas disciplinas na modalidade EaD.

Agora bem, a dimensão atitudinal, como aparece no modelo PEAT (DICTE, 2019) e em muitos outros modelos, também considero que não pode ser ignorada.


O nome do modelo PEAT (DICTE, 2019), provêm das dimensões incluídas nele: Pedagógica, Ética, Atitudinal e Técnica (PEAT).  

A dimensão atitudinal inclui a capacidade de adotar e adaptar novas tecnologias em um contexto profissional, para poder usar de forma criativa as tecnologias digitais como apoio a processos de ensino e aprendizagem ou em contexto profissional, além de formar uma profunda compreensão do papel das tecnologias digitais na sociedade (DICTE, 2019 apud ABIO, 2021), mas isso só será possível com uma atitude positiva e abertura para compreender melhor as tecnologias e suas potencialidades percebidas ou affordances, ou seja, o que entendemos que podemos fazer com elas, que é um construto subjetivo e variável. 

Pelo que consigo ver nos últimos tempos, a dimensão atitudinal é geralmente ignorada nas discusões ou manifestações de alguns grupos da nossa universidade que habitualmente derivam de forma pouco produtiva em um “todo ou nada” mas, como vamos os docentes imaginar que podemos mudar as nossas práticas para melhor, e ajudar nossos alunos se não tentamos fazer um esforço nesse sentido, ver outros exemplos, intervençoes razonadas dos outros que não pensam igual, fazer pequenas intervenções em nossas práticas, discutir os resultados, sejam positivos ou negativos e ver como reduzir as dificuldades encontradas? 

Por isso é que considero essa dimensão também muito importante de ser levada em consideração.

Sem deixar de ignorar as diferenças de opiniões, não acho que seja  a melhor das atitudes tentar anular tudo e ficar só na resistência fazendo esforços para que todos os docentes de todas as áreas pensem da mesma forma. A universidade é uma instituição complexa e em nosso caso temos quase 1800 docentes das mais diversas áreas, cada uma com uma cultura de ensino e aprendizagem diferente.

Claro que devemos lutar contra a precarização do trabalho docente, mas também devemos pensar em como aproveitar da forma melhor possível as oportunidades que tenhamos diante. 

Alguns cursos podem utilizar muito bem a modalidade a distância. Agora bem, muita atenção. Vale resaltar que a inclusão de alguma carga horária nessa modalidade implica que o curso será avaliado seguindo os parâmetros para essa modalidade. Existem as condições necessárias? 

Um tema complexo como este precisa ir com muita cautela, mas deve ser  discutido desde distintas vertentes. É necessário ouvir os especialistas, deixar espaços para a introdução de pequenas mudanças e a experimentação pedagógica constante, sem deixar de lutar por melhores condições e as ajudas e apoio que seja necessário. É necessário também pensar de forma serena e informada sobre o conjunto de fatores incidentes. Como recomendo para muitos, uma análise SWOT deve ajudar e não apenas um posicionamento com viés ideológico e ferrenho.

Para saber mais, considero que alguns materiais podem ser úteis como fonte de informação e reflexão metodológica. Por exemplo,  Modelski e Giraffa (2022), Motta (2021) e Pimentel e Carvalho (2020).  

Adicionalmente, alguns textos como o artigo de Lima e Cruz (2022) e o livro de Santos, Lima e Nogueira (2021) podem ajudar para ter outras opiniões sobre o processo de institucionalização da EaD. Em fim, temos que estudar e pensar bem. 

Não precisamos ser especialistas, mas todos somos professores universitários e dessa forma devemos ficar bem informados, pois vejo demasiado achismo nas discussões em alguns setores. Por exemplo, continuamos ouvindo opiniões que misturam ensino remoto com educação a distância como sendo a mesma coisa. 

Antes de finalizar, gostaria de fazer menção de um documento recente da Comissão de Direitos Humanos da ONU, que pode apoiar as discussões sobre a provocação lançada nesta primeira atividade. Trata-se do relatório Repercussões da digitalização da educação sobre o direito à educação, elaborado pela Comissão de Direitos Humanos da ONU. Pela importãncia desse texto e como não tem ainda tradução para o português, fiz uma tradução da seção de Conclusões e recomendações que é possível ver em Abio (2022).

Por último, quero dizer que considerei muito conveniente esta oportunidade formativa, pois foi um momento em que pudemos nos reunir para entender e saber mais, de forma colaborativa, sobre esse complexo tema. Uma pena que poucos docentes participaram nele.

 
Referências

ABIO, Gonzalo. Repercussões da digitalização da educação sobre o direito à educação: Um relatório do Conselho de Direitos Humanos da ONU. Blog de Gonzalo Abio - Educação, 8 de jul. de 2022.  

ABIO, Gonzalo. Modelos de Competência Digital Docente. Parte II. Blog de Gonzalo Abio - Educação, 03 de out. de 2021.

ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de; VALENTE, José Armando.  Políticas de Tecnologia na educação Brasileira. Histórico, lições aprendidas e recomendações. CIEB Estudos #4, 2016. 

DICTE. Pedagogical, Ethical, Attitudinal and Technical dimensions of Digital Competence in Teacher Education. Developing ICT in Teacher Education Erasmus+ project, 2019. 

LIMA, D. C.B. P.; CRUZ, J. R. Institucionalização da educação a distância no Brasil: desafios e possibilidades. Video Journal of Social and Human Research, v. 1, n. 1, p. 49-57, 2022. 

MODELSKI, Daiane; GIRAFFA, Lucia. Espaço de experimentação para a formação docente. Ponta Grossa, PR: Editora Texto e Contexto, 2022.

MOTTA, Luis Carlos Peters. Cinco etapas para o planejamento e uso de tecnologias digitais em sala de aula. In: GIRAFFA, Lucia (org.). Recursos digitais na escola: volume 1. Joaçaba: Editora Unoesc, 2021, p. 71-86.

PIMENTEL, Mariano; CARVALHO, Felipe da Silva Ponte de. Princípios da Educação Online: para sua aula não ficar massiva nem maçante! SBC Horizontes, 23 de maio de 2020.

RIBEIRO, Ana Elisa. Educação e tecnologias digitais na pandemia: ciclos da precariedade. Cadernos de Linguística, v. 2, n. 1, p. e270, 28 Jan. 2021.  

RIBEIRO, Ana Elisa. EDUCAÇÃO e tecnologias digitais: ciclos da precariedade diante da pandemia.  1 vídeo (1h 33min 25seg). Transmitido ao vivo em 25 de jun. de 2020 pelo canal da Associação Brasileira de Linguística (ABRALIN), 2020.  

SANTOS, Catarina de Almeida; LIMA, Daniela da Costa Britto Pereira; NOGUEIRA, Danielle Xabregas Pamplona (eds.).  Institucionalização da educação superior a distância nas universidades federais da região Centro-Oeste: Temáticas em questão. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2021.  

SANTOS, Vera Lucia Pontes dos et al. Reflexões sobre a Formação Docente Universitária frente ao cenário da pandemia da COVID-19. In: NASCIMENTO, E. M.; ABIO, G.; LIMA, R.M. da S.; SANTOS, V.L.P. dos (orgs.). Educação mediada por tecnologias: experiências de ensino, pesquisa e extensão em tempos de covid-19 na Universidade Federal de Alagoas. Maceió: EDUFAL, 2021, p. 20-30.