29 de ago. de 2012

Facebook, o Diário de Classe e Isadora Faber. Canal de comunicação ou perigo?

As redes sociais servem para movilizar pessoas para muitas causas. Neste caso quero compartilhar com vocês uma notícia aparecida na seção de educação do Estadão e vejam como a  jovem Isadora Faber utiliza o Facebook para registrar o que acontece na sua escola, em uma versão de diário ou jornal escolar, mas com uma abrangência e poder de movilização muito maior.



 O tema pode até ser polémico, mas quantos jovens como Isadora não deve ou deveria haver por aí?

27 de ago. de 2012

Quantas horas são necessárias para preparar um curso virtual?

Nos comentários finais de um trabalho apresentado em 2008 fiz um cálculo empírico de que um professor-autor (conteudista) de um curso universitário feito no padrão da UAB (Universidade Aberta do Brasil) precisaria de não menos de seis horas de trabalho por cada hora de aula colocada no Moodle. Naquele momento eu estava pensando apenas como um professor-autor polivalente que seria responsável por práticamente quase todo o processo de criação de conteúdos para um curso on-line ainda com  predomínio de material textual. Isso não era novidade, mas fiz o comentário motivado principalmente pelo desconhecimento e pela percepção de alguns colegas de que preparar um curso a distância seria simplesmente convertir em pdf os materiais e apostilas que já utilizavam nos cursos presenciais.   

Em um curso na minha universidade ministrado neste ano para docentes que atuarão na EaD houve a percepção, motivada também de forma empírica pelas dificuldades aparecidas na realização das tarefas que simulavam uma prática real de criação de um curso, que o número de horas seria muito maior que aquela cifra pensada em 2008.

Hoje, via XarxaTIC, soube de que, segundo LeanForward, para preparar cada hora de aula de um curso de qualidade interativo seriam necessárias nada menos que duzentas horas de trabalho, as quais que estariam repartidas entre o gerente de projetos (10-12h), o designer instrucional (60-80h), o designer multimídia (20-40h), o desenvolvedor do curso (60-80h) e o responsável por cuidar da qualidade do produto final (10-20h).

Nesse momento lembrei do conceito de polidocência na EaD, que MILL (2002) define como o trabalho de forma coletiva e cooperativa de toda uma equipe de profissionais necessário para realizar as atividades de ensino-aprendizagem na educação a distância.

Tenho constatado que em algumas instituições existem equipes completas trabalhando de forma articulada para fornecer cursos de qualidade, mas por outro lado, também tenho constatado que não é assim em todos os lugares. Como comentava o autor de XarxaTIC, se partimos de um planejamento e implementação de pouca qualidade, como conseguiremos que o e-learning seja igual de válido que o ensino presencial, para atrair tanto os alunos quanto muitos professores que não acreditam ainda que aulas possam ser dadas ou continuadas com qualidade fora das paredes físicas das salas de aula do campus?  

Este foi o infográfico produzido pela Leanforward:
What Does It Take To Create Effective e-Learning - Infographic


Considero que todos os participantes na elaboração do curso são importantes, pois quanto mais material multimídia e interativo tiver o curso (e sem falhas), poderá ser menor a percepção da distância transacional entre alunos e professores, mas  também é muito importante a dedicação e o tempo dispensado pelo docente e tutores na hora de colocar em prática o curso e interagir com os alunos. Na prática, esse momento do curso é fundamental. Deve-se ter em consideração que com o surgimento e proliferação na atualidade dos cursos MOOCs (Massive Open Online Courses ou Cursos Online Abertos Massivos) deve haver um esforço adicional, tanto na atenção na preparação dos cursos quanto para seu fornecimento e colocação em prática, agora para miles de estudantes. Por isso, todas estas questões cobram uma importância ainda maior que a que já tinham até agora.

Para finalizar e voltando para o assunto inicial, aproveito para recomendar a leitura do livro "Polidocência na Educação a Distância Múltiplos Enfoques" organizado por Daniel MILL; Luis Roberto de Camargo RIBEIRO e Marica Rozenfeld Gomes de OLIVEIRA (Edufscar, 2010), mas também podem ver, por enquanto, este artigo com participação do primeiro desses autores. MILL, Daniel; FIDALGO, Fernando. Sobre tutoria virtual na educação a distância: caracterizando o teletrabalho docente. Virtual Educa Brasil, 2007.


17 de ago. de 2012

Conheça as competências para o século 21

As tecnologias estão cada vez mais presentes em sala de aula, o professor tem que se preocupar em preparar o aluno para ser atuante em um mundo em transformação e ajudá-lo a desenvolver as tão faladas competências específicas para o século 21, certo? Tudo certo, exceto pelo fato que ninguém sabe exatamente que competências são essas – o que é bem desesperador para pais, professores e gestores públicos, que não têm o embasamento necessário para definir o que podem oferecer para que suas crianças e jovens tenham acesso à melhor formação possível.

Intrigado com essa questão, um grupo de fundações pediu que o National Research Council, uma organização norte-americana que faz pesquisas sobre temas importantes da sociedade para ajudar governos a desenharem políticas públicas, reunisse especialistas para definir quais são essas competências. Durante um ano, um comitê formado por educadores, psicólogos e economistas fez pesquisas sobre o que se espera que os estudantes alcancem nos seus ciclos escolares, nos seus futuros trabalhos e em outros aspectos da vida. O resultado, publicado no fim de julho no livro digital “Educação para a Vida e para o Trabalho: Desenvolvendo Transferência de Conhecimento e Habilidades do Século 21“, tenta dar nomes aos bois e ajudar professores e gestores públicos a prepararem os estudantes para o século 21. O download é gratuito. Um resumo de quatro páginas pode ser visto aqui (em inglês).

De acordo com o estudo, o aprendizado que tanto se procura está relacionado à capacidade de aplicar o que se aprendeu em situações novas, o que os estudiosos chamaram de “transferência de conhecimento”. Isso significa, exemplificam os autores, que não basta o aluno aprender os conceitos matemáticos de média, moda e mediana, ele precisa conseguir usar o que aprendeu na sua vida. Essa habilidade de transferir o que se sabe, seja em circunstâncias da vida real, seja dividindo conhecimento com outras pessoas, ajuda os estudantes a desenvolverem as competências para o século 21.

Tais competências foram divididas em três grandes domínios. O primeiro deles é o cognitivo, que é aquele que envolve estratégias e processos de aprendizado, criatividade, memória, pensamento crítico; é o que está relacionado à aprendizagem mais tradicional. Segundo os autores, essa é a dimensão em que se tem uma oferta mais farta de pesquisas e, por isso, há claras evidências de que o bom desempenho nessa área traz bons resultados posteriores na vida do aluno.

Os outros dois domínios, muito menos estudados, são o intrapessoal e o interpessoal. O intrapessoal tem relação com a capacidade de lidar com emoções e moldar comportamentos para atingir objetivos. Já o interpessoal envolve a habilidade de expressar ideias, interpretar e responder aos estímulos de outras pessoas.

Os três domínios, no entanto, não são estanques. Existe uma interseção entre eles que envolve habilidades que podem estar em mais de um domínio, conforme imagem a seguir (clique para uma melhor visualização).



Apesar da falta de pesquisas que ajudem a embasar as conclusões, sobretudo nos campos inter e intrapessoais, os especialistas apontaram que características relacionadas à consciência crítica, como ser organizado, responsável e dedicado ao trabalho, trazem resultados desejáveis na educação. Por outro lado, o comportamento antissocial acarreta resultados negativos.

Diante desse contexto, os pesquisadores alertaram para dois grandes desafios que deverão ser enfrentados. O primeiro deles diz respeito à falta de pesquisas, que atrapalha a criação de currículos e avaliações dos alunos. O segundo, que depende de novas abordagens no sistema educacional e políticas públicas específicas, é a oferta de capacitação de professores para que eles sejam capazes de criar ambientes favoráveis à troca de conhecimento.

Apesar de ainda serem necessários alguns estudos para pavimentar esse caminho, os pesquisadores dão seis dicas de atuação em sala de aula para que professores possam preparar o aluno para o século 21 – que começou há 12 anos.

1)   Procure usar representações variadas, como diagramas, representações numéricas e matemáticas, simulações;

2)   Encoraje uma postura questionadora e proporcione momentos em que os alunos possam expor o que sabem;

3)   Incentive os alunos a participarem de desafios; neste processo, seja um facilitador, dê feedback e os faça compreender seus próprios processos de aprendizagem;

4)   Ensine dando exemplos, citando casos; use, por exemplo, modelos de passo a passo explicando cada etapa;

5)   Prime pela motivação dos alunos, escolhendo temas que se conectem com suas paixões; incentive-os a resolver problemas, preste atenção na evolução de seus conhecimentos, muito mais que em suas notas;

6)   Use avaliações formativas em que o aluno é monitorado continuamente.

fonte: http://porvir.org/porpensar/conheca-competencias-para-seculo-21/20120814