18 de nov. de 2020

Curso TDMA. Parte 5. A propósito de vídeos.

No curso foram apresentadas diversas possibilidades tecnológicas e metodologias ativas, e algumas delas tem que ver com vídeos.

Temos que reconhecer que uma das mudanças mais evidentes neste tempo pandêmico tem sido o reposicionamento do foco nas tecnologias e muitas das possibilidades tecnológicas atuais em matéria de comunicação passam e perpassam os vídeos, os quais ganharam um protagonismo sem precedentes na comunicação em geral e na educação realizada à força de forma não presencial, chame-se EOL, EaD ou ERE. É graças ao vídeo que possibilidades como a aula invertida (Flipped Classroom) ganharam notoriedade nos últimos tempos. 

A importância dos vídeos é tão grande neste momento que senti necessidade de organizar o que já tinha sobre esse tema e fazer curadoria de conteúdos adicionais. Com tudo isso em mãos iniciei uma lista na qual reúno trabalhos acadêmicos sobre uso de vídeos na educação [link], mas pelo outro lado, não deixamos de trabalhar intensamente como docentes com ferramentas de webconferência, nas aulas virtuais e elaborando diversos materiais em vídeo para momentos assíncronos.

Vale tudo neste momento e até resgatei o velho Power Point, assim como o Microsoft Fotos, para produção de vídeos, tanto para aulas diversas como para materiais de apoio.

Um exemplo de material de apoio em vídeo é este que tenta ilustrar as diferenças entre os processos de interação chamados de cooperação  e colaboração e tentando relacionar com as possibilidades tecnológicas de épocas diferentes. Na realidade pensei primeiro em oferecer essa informação como um gif animado, mas com tantas animações inseridas o gif a partir do Power Point ficou bastante grande. Dessa forma optei por oferecer esse material no formato mesmo de vídeo. 

 

Este material de apoio pode ajudar para compreender melhor duas noções importantes no curso de Introdução à EaD, entre tantas outras necessárias: as diferenças entre uma interação cooperativa e uma interação colaborativa. A colaboração foi facilitada pela web 2.0 (a web social).

Outros materiais são elaborados para tentar visualizar as diferenças entre a web 1.0 e 2.0.



Em outro caso, o Moodle parou de funcionar por um par de dias, quase no início do curso na minha universidade, assim que para não perder a semana tive que preparar rapidamente outro vídeo com explicações e instruções sobre as atividades realizadas e futuras, que apresento aqui no segundo exemplo em vídeo, pois ele não envolve alunos:


Com a pandemia tivemos que virar rapidamente professores proficientes no trabalho com mídias que geralmente não produzimos, já que no caso dos vídeos, geralmente somos consumidores e não produtores de materiais didáticos nesse formato.

E vocês? Tem alguma experiência que possam comentar aqui?  

12 de nov. de 2020

Curso TDMA. Parte 4. Docentes "transeuntes digitais". A propósito de um novo livro.

fonte da imagem: Metrópoles, 01-09-2019. 

Agora mesmo estou lendo um capítulo de um livro que acabou de ser disponibilizado (em espanhol) e seus autores colocam o docente antenado como um "transeunte digital", isto é "um docente que:

- Centra seu olhar nas questões pedagógicas para se ocupar também da dimensão tecnológica.

- Tem clareza nos objetivos educativos de suas propostas.

- Explora novas estratégias para ensinar, indaga, cria, pergunta, tece redes com outros docentes e estabelece novas relações com os estudantes, se forma continuamente, experimenta e se arrisca". 

Desculpem a tradução grosseira que fiz. O texto chegou 10 minutos atrás, mas decidi compartilhar e traduzir aqui em primeira mão porque acho que tem tudo a ver com a linha que está sendo apresentada e discutida no curso TDMA relatado nas postagens anteriores. 😉



Fonte:  Rogovsky, C; Chamorro, F.  Docentes interpelados. In: Cómo enseñar a aprender. Buenos Aires, Argentina. Editorial La Crujía, 2020. Disponível em http://www.pent.org.ar/institucional/publicaciones/como-ensenar-aprender-capitulo-2-docentes-interpelados

11 de nov. de 2020

O curso TDMA. Parte 3: Comentários adicionais sobre documentos de Google Docs

Entre tantas coisas interessantes que encontrei no curso de Tecnologias Digitais e Metodologias Ativas (TDMA), algo que me chamou a atenção e que não demorei para implementar nas minhas próprias práticas pedagógicas foi a possibilidade de que os alunos comentem textos colocados no Google drive.

Após algumas orientações iniciais por minha parte, os alunos não tiveram grandes dificuldades para entender e abraçar a proposta que já utilizei com textos e turmas diferentes.

É até difícil acreditar o fácil que é trabalhar dessa forma.

Como não tinha pensado nisso antes?

Até agora são positivos os comentários coletados sobre este  procedimento.

Seguem duas imagens para ilustrar a proposta com uma das apostilas que elaborei, neste caso para a disciplina de Introdução à Educação a Distância:





O curso TDMA. Parte 2

 O curso TDMA ministrado pelos reconhecidos professores Dênia Falcão e José Manuel Moran eu diria que é até embriagante. Por um lado, pelo conhecimento que estamos tendo e, pelo outro lado, porque a participação e interdependência positiva criada entre os professores e alunos incentiva todos a conhecer e participar mais.

No primeiro café a professora Dênia esclareceu algumas dúvidas que surgiram, por exemplo, no uso do Padlet. Também mostrou como preparar rapidamente sites com o Google sites.


 Agora cabe a nós continuar fazendo as leituras e praticar com as possibilidades que são mostradas.

3 de out. de 2020

Um modelo com quatro dimensões para medir o capital social dos estudantes

Em junho deste ano as pesquisadoras Mahnaz Charania e Julia Freeland Fisher do Christensen Institute publicaram um documento no qual chamam a atenção para um aspecto pouco atendido até agora, o capital social dos estudantes.

O capital social descreve o acesso e a capacidade dos alunos de mobilizar as redes de relações (relationships) entre eles que os ajudam a promover seu potencial e seus objetivos. Assim como as habilidades e os  conhecimentos, as relações oferecem recursos que direcionam o acesso às oportunidades.

Tomei a liberdade de fazer uma tradução do infográfico da página 7 do relatório com as quatro dimensões do modelo (A four-dimensional framework for measuring students' social capital):

 

As quatro dimensões são:

QUANTIDADE DE RELAÇÕES

Definição: O número de pessoas no tempo em uma rede de estudantes.

Por que importa? Porque quantas mais relações os estudantes tiverem, melhores serão as chances de encontrar apoio e ter oportunidades.

QUALIDADE DAS RELAÇÕES

Definição:
A forma em que os estudantes experimentam as relações.

Por que importa? Porque relações diferentes oferecem diferentes valores sobre como os estudantes precisam evoluir. As relações positivas podem ajudar nas necessidades instrumentais, de  desenvolvimento e de relação.  

ESTRUTURA DAS REDES

Definição: As diferentes pessoas que eles conhecem e as formas em que eles se conectam.

Por que importa? Porque estruturas de redes diferentes servem para diversas funções importantes. Redes fortes de relações entre estudantes oferecem um suporte confiável. Diversas redes proporcionam canais para descobrir novas oportunidades.   

HABILIDADE PARA MOBILIZAR RELAÇÕES

Definição: A forma de pensar e as habilidades que o estudantes precisam ter para ativar as relações.

Por que importa? Porque ensinar aos estudantes o valor do capital social os capacita para que sejam construtores ativos de suas redes. O conhecimento de como cultivar e manter as redes ajuda para manter as relações através de suas vidas.

Referência

CHARANIA, Mahnaz; FISHER, Julia Freeland. The missing metrics: Emerging practices for measuring students’ relationships and networks, Christensen Institute, July 2020. https://whoyouknow.org/measurement-report/


21 de set. de 2020

Início do curso de TDMA com os colegas da minha universidade

Hoje fiquei superfeliz! 

Estou participando como aluno com outros colegas da minha universidade em um curso sobre Tecnologias Digitais e Metodologias Ativas (TDMA) ministrado por dois grandes especialistas nesse assunto, o professor José Manuel Moran e a professora Dênia Falcão.

No encontro inaugural  foi apresentada a estrutura do curso no ambiente Moodle e as primeiras atividades. O professor Moran falou um pouco das metodologias ativas.

 
 
 Fonte: https://youtu.be/VYK_t-OwcRU

Seguem algumas capturas de tela da reunião de apresentação inicial do curso:


Este curso com certeza será bem produtivo. 

Como devo preparar um e-portfólio com as atividades e já uso vários blogues vou colocar aqui as minhas experiências e avanços no curso. Dessa forma pretendo também ajudar os colegas que não conseguiram vagas nesta edição do curso.  

Agruparei as postagens relativas a este curso com a etiqueta #cursoTDMA.

Por enquanto, coloco aqui uma breve apresentação sobre mim, requisito do curso.

 

Até logo!

12 de ago. de 2020

Referências sobre COVID-19 e Educação

 

Covid19 and Education
 

A informação sobre a influência da pandemia pela COVID-19  na educação não para de crescer, por isso decidi iniciar esta página no dia 6 de agosto de 2020 para reunir textos de utilidade e do meu interesse sobre esse tema, conforme vão aparecendo.  

São vários tópicos, entre as publicações mais gerais e as específicas.

Não é uma lista exaustiva, mas já ficou bastante grande, por isso tive que colocá-la em um documento externo.

Você também pode contribuir brindando informações de textos correlatos através da seção de comentários desta postagem.   

A lista está aqui

Última atualização:  01 de agosto de 2023



9 de jun. de 2020

Emergência e educação


fonte: montagem feita pelo autor com imagens tomadas da internet e definição de dicio.com.br


A emergência da pandemia pela Covid-19 acelerou a transformação das práticas sociais mediadas pelas tecnologias. No campo da educação formal universitária, o isolamento social preventivo impulsionou uma ressignificação do trabalho do docente nas diversas vertentes do tripé ensino, pesquisa e educação, agora a distância. 

Não quer dizer que ambientes virtuais e diversas ferramentas tecnológicas não tenham sido utilizados até agora em maior ou menor medida em cursos de qualquer modalidade, mas agora, no isolamento social, a atenção foi mudada necessariamente para o uso das possibilidades de interação para continuar a comunicação com os pares e as atividades educativas com os alunos sem a presença física. Dessa forma, as aulas mediadas pelas tecnologias e a discussão em geral sobre aquelas práticas mais eficazes nesta nova situação ocuparam o foco das atenções de todos.

Aulas virtuais como suportes tecnológicos ao (tele)trabalho docente não são novos espaços nem são os únicos possíveis onde se ensina e aprende de forma não presencial. Os campus virtuais com o uso maioritário da plataforma Moodle são os nossos espaços institucionais que já temos em operação há anos, principalmente nas universidades públicas. Por exemplo, na UFAL, a universidade na qual trabalho, o Moodle foi implantado em 2006 pelo professor Fábio Paraguaçu e usado
por muitos docentes em cursos presenciais e da UAB desde 2007.

Quando falamos em emergência, estamos pensando na resposta imediata pela situação, mas também no surgimento de algo novo  ou diferente, novos momentos, novas condições, novos aproveitamentos, e muito provavelmente, também novas práticas e novas teorias. 

No afã de conceitualizar surgem nomes como ensino remoto, que podem ser até discutíveis, mas que estão aí por necessidade e devem ser observados, explicados e pensados junto com os professores. 

Fonte: o autor

 

 A emergência de (re)utilizar essas possibilidades tecnológicas já existentes e conhecer outras novas possibilidades para o ensino provocou uma necessidade instrumental incontestável, que em princípio parece ser instrumental e tecnocéntrica, mas devido a que é para as necessidades mais imediatas da vida, acrescenta-se um matiz de utilidade prática que aumentam seu aproveitamento.

Por apenas citar um exemplo, no curso de Moodle básico que ofertamos como uma das primeiras ações formativas neste novo contexto, se inscreveram 612 docentes que foram divididos em 14 turmas, e consideramos os resultados positivos. Em paralelo ou na sequência aconteceram outros cursos para avançar nos conhecimentos sobre o Moodle, assim como de outras práticas úteis como produção de videotutoriais e uso do sistema de webconferência adotado pela instituição.

Essas formações emergenciais em tecnologia e docência online para os docentes são neste momento práticas, "com as mãos na massa", para utilização mais ou menos imediata, mas adquirir uma fluência tecnológico-pedagógica leva algum tempo. A reflexão e compreensão acerca das possibilidades de uso e de integração das tecnologias na docência é um processo demorado.

Eu sou professor de uma língua estrangeira, neste caso o espanhol,  e sabemos que o melhor aprendiz é aquele que vincula a teoria com a prática. Não tem nada melhor que aquele aluno que longe de estudar de forma memorística conteúdos isolados da realidade, coloca em prática os conhecimentos que aprende, pois no final, o ensino de uma língua estrangeira deveria ser para as práticas sociais reais ou seja poder compreender e se comunicar com os outros com uma certa fluência.

Também, como formador de professores, ao longo dos vinte anos nessa prática, tenho aprendido que, independentemente do nível de conhecimentos e das diversas competências que cada professor tiver, cada um tem sua forma de pensar e agir, com uma forte influência das crenças e habilidades de base. Essa é a riqueza do ensino e o que divide os professores bons, dos menos bons. Se tudo fosse entandarizado e único acho que os robôs já tivessem substituído os professores há muitos anos, mas sabemos que não é bem assim, ainda que alguns enxerguem essa possibilidade.

Quando falamos em fluência tecnológico-pedagógica, também não pensamos no quê, ou seja, apenas no conhecimento tecnológico, senão naquele conhecimento prático, surgido a partir do estudo e conhecimento, como também da prática repetida e naturalizada trabalhando com as possibilidades tecnológicas que o docente dispõe.  


Com tudo isso deve vir uma melhor articulação, integração e aproveitamento entre a teoria, a necessidade e a prática. Como exemplo que observamos todos os dias, já estamos percebendo a melhor fluência e integração em atividades como as reuniões, aulas virtuais e defesas de trabalhos acadêmicos através de plataformas pouco utilizadas há alguns meses. 

Como bem sintetiza a professora De Luca em um texto recente, "o ensino em tempos de pandemia é uma prática social complexa que não responde a uma única receita e que forma uma trama com a presente situação que nos desafia e ensinar em aulas virtuais" (DE LUCA, 2020, p. 4), mas são as pessoas, e não as tecnologias, as que vão decidir os sentidos atribuídos a estes espaços e possibilidades de formação e de circulação dos saberes. 

Os professores que já utilizavam o Moodle podem ter uma vantagem do conhecimento anterior de seu funcionamento e possibilidades, mas o Moodle é tão poderoso e versátil que eu costumo dizer que é possível fazer nas aulas com ele tudo o que você imaginar ... e muito mais.
 

Isso leva à necessidade de voltar a ver o que já fazemos de forma corriqueira nessa plataforma e pensar se não podemos melhorar, mudando e experimentando com coisas como a apresentação dos conteúdos, e completando as informações, propondo novas práticas mais ativas, em fim, pensando em como melhorar, porque sempre é possível melhorar ou mudar e testar novas possibilidades. Dar um novo sentido didático, promovendo uma flexibilidade maior e com uma compreensão de que os alunos, nesta situação pandêmica e pós-pandêmica podem ter dificuldades que antes não eram imaginadas ou ficar no meio de situações inesperadas e que podem mudar de um dia para outro.

Concordo com as colocações de Jubany e Martínez Samper (2020), quando afirmam que o impacto da pandemia pode ser diferente nos países, e quem sem dúvida acrescenta mais um grau de complexidade na educação superior que já enfrentava desafios ainda não resolvidos. Em nosso caso podemos pensar, sem ir muito longe nos problemas da financiamento das universidades públicas pelo descaso com a educação no Brasil.

Ainda assim, as universidades não param neste contexto pandêmico. O vemos todos os dias nos webinários que estão sendo produzidos por especialistas através de diversos canais que geralmente desembocam no Youtube, com a vantagem que são de acesso aberto e com a possibilidade de ser consultados a qualquer momento. 


Como é de imaginar, pela pandemia aumentou significativamente nos últimos tempos no Brasil a busca no Google pelo termo webinar. Similar tendência acontece no mundo todo.


Fonte: Google Trends. Ocorrência de pesquisas no Google pelos termos webinar, webinário e webconferência entre 9 de junho de 2019 e 9 de junho de 2020 no Brasil.


Jubany e Martínez Samper (2020) também relatam os diversos webinários abertos a docentes de qualquer perfil que a Universitat  Oberta  de  Catalunya (UOC) colocou em marcha a partir do dia 6 de abril no programa “Docência não presencial de emergência".  Um dia depois dessa data a nossa universidade abriu o Programa UFAL Conectada com um webinar dos professores Dênia Falcão e José Moran. 

Primeira webconferência, 7 de abril de 2020. https://www.youtube.com/watch?v=-yB0R9XJQzs

São numerosas as iniciativas já realizadas e planejadas pelo Movimento UFAL Conectada, como é possível constatar no site integrador dessas ações. 

Estas ações estão na mesma linha das recomendações da UNESCO para as instituições (PEDRÓ; QUINTEIRO; RAMOS; MANEIRO, 2020)

- Antecipar uma suspensão de longo prazo, concentrando esforços para garantir a continuidade do treinamento e garantir a equidade, gerando mecanismos eficientes de governança, monitoramento e suporte;
- Elaborar medidas pedagógicas para avaliar formativamente e gerar mecanismos de apoio à aprendizagem de alunos desfavorecidos;
- Documentar as mudanças pedagógicas introduzidas e seus impactos;
- Aprender com os erros e aumentar a digitalização, a hibridação e a aprendizagem ubíqua; e
- Promover a reflexão interna sobre a renovação do modelo de ensino e aprendizagem.


Mais tarde veremos os resultados.

Referências  

CIEB. Design da Educação Conectada. Metodologia para resolução de problemas na implementação do plano de tecnologia educacional. Centro de Inovação para a Educação Brasileira, 2019.  https://cieb.net.br/wp-content/uploads/2019/06/Design-Educacao-Conectada-horizontal_vers%C3%A3o_site_junho_2019.pdf

DE LUCA, Marina Patricia. Las aulas virtuales en la formación docente como estrategia de continuidad pedagógica en tiempos de pandemia. Usos y paradojas. Análisis Carolina. Serie: Formación Virtual, 33/2020, Junio 2020. https://doi.org/10.33960/AC_33.2020

JUBANY, Gemma Xarles I; MARTÍNEZ SAMPER, Pastora.  Docencia no presencial de emergencia: un programa de ayuda de emergencia en el ámbito de la educación superior en tiempos de la COVID-19. Análisis Carolina 32/2020, Junio 2020. https://doi.org/10.33960/AC_32.2020

PEDRÓ, Fransesc; QUINTEIRO,José Antonio; RAMOS, Débora; MANEIRO,Sara. COVID-19 y educación superior: De los efectos inmediatos al día después. Análisis de impactos, respuestas políticas y    recomendaciones, Caracas: IESALC/UNESCO, 13 de mayo de 2020. http://www.iesalc.unesco.org/wp-content/uploads/2020/04/COVID-19-060420-ES-2.pdf

UFAL. Lançado Programa "Ufal Conectada: inspirando inovação”, Universidade Federal de Alagoas, 8 de abril de 2020. https://ufal.br/transparencia/noticias/2020/04/lancada-201cufal-conectada-inspirando-inovacao201d


UFAL. Proford. UFAL Conectada. site integrador.  https://www.ufalconectada.com

VAN VALKENBURG, W.F.; DIJKSTRA, W.P.; DE LOS ARCOS, B.; GOEMAN, Katie; VAN ROMPAEY,  Veerle. European Maturity model for Blended Education (EMBED 2017-2020). EMBED Project, May 2020.  https://embed.eadtu.eu/download/2470/

5 de jun. de 2020

O mundo VICA, as tecnologias na educação e o COVID-19


Neste tempo de pandemia tenho assistido muitas lives sobre temas relacionados com educação e tecnologias. Incerteza é uma das palavras que com mais frequência ouvimos nos palestrantes. Incerteza sobre como será o futuro, ainda que pelo outro lado, também não são poucos os que fazem diversos tipos de projeções vaticinando um aumento dos cursos mediados pelas tecnologias, entre outras mudanças. 

Um exemplo dessas predições de aumento foi apresentado por Tony Bates, um conhecido especialista em educação a distância, em outra live que assisti hoje. Segundo ele haverá um crescimento muito rápido nos cursos híbridos, ao redor de 25-30% no momento (70% em 5 anos) e essa será a nova norma. Também deve haver um aumento de 10% em cursos totalmente a distância, com crescimento de 25-30% em 5 anos, e depois o crescimento será menor. 


Projeções são baseadas em dados, também acumulam as experiências de seus autores, mas no fundo, consideram também um certo grau de incerteza.

Somado a isso, o mais importante para mim foi que Bates também comenta sobre a mudança lenta, mas gradual na pedagogia, com a necessidade de mudar da apresentação de conteúdos para o desenvolvimento de habilidades de alto nível (Pierre Lévy, da mesma forma sinaliza para mudanças como essas no seu artigo "Coronation").  Por último, Bates também comenta que deverá haver muitos treinamentos sob demanda (sobre como fazer as coisas), ou seja, a dimensão mais instrumental.

Não discordo de nada disso, pois agora mesmo observamos um reposicionamento de foco nas tecnologias digitais no meio desta pandemia para poder enfrentar o desafio de uma educação mediada pelas tecnologias, que neste momento é uma necessidade imperiosa, expressado no interesse evidente dos docentes por  capacitações tecnológicas nas quais estamos trabalhando intensamente com o melhor dos ânimos.

Agora, externamente, também vejo com pesar muitos discursos negativos promovidos pelos contrários de qualquer coisa que cheire a tecnologia. Não nas lives, nas quais participam docentes e especialistas que conhecem bem as possibilidades que brindam as tecnologias, senão por aqueles detratores que alçam as vozes e bandeiras em conjunto para sinalizar suas preocupações sempre negativas. 


Não duvido que problemas tenham acontecido no ensino remoto que ninguém esperava nem deseja - aparecem todos os dias nos jornais-, reconheço as brechas que são abertas, mas eu costumo ser mais positivo - e isso não quer dizer insensível-, tentando procurar os problemas e falhas para, ao mesmo tempo, tentar encontrar as soluções.

Não sou gestor nem me considero pesquisador, apenas um professor com algum grau de conhecimento sobre tecnologias na educação, mas considero que com uma análise criteriosa podemos brindar pelo menos algumas recomendações e propor ações, sempre que seja necessário. E agora, mais que nunca, mas voltemos para o tema principal das incertezas.

Essas incertezas nos fazem pensar no mundo VICA (VUCA em inglês).

VICA faz referência a um mundo repleto de:

Volatilidade
Incertezas
Complexidade, e
Ambiguidade.


A volatilidade nos leva para um mundo onde as mudanças são velozes, com ciclos curtos, mas os  desafios decorrentes são inesperados, instáveis e de duração não conhecida. A incerteza faz referência a um mundo onde não existe previsibilidade, onde estamos expostos a surpresas e a falta das informações necessárias. Na complexidade existem múltiplas variáveis e relações que podemos não conhecer. Os problemas são multidimensionais e não sabemos determinar as relações causais. Também está o excesso de informação. Por último, a ambiguidade pela falta de precedentes e porque abundam os erros de interpretação e de significados mistos. Também é o momento em que emergem novas teorias e modelos para pensar o mundo.


O acrônimo VICA apareceu no livro publicado em 1985 "Leaders: The Strategies for Taking Charge", de Warren Bennis e Burt Nanus, e seu
primeiro uso foi um par de anos antes em documentos do Army War College

Ecoa na obra "Modernidade Liquida"do sociólogo polonês Zygmunt Bauman quando utiliza a metáfora da liquidez para fazer um contraponto com os tempos da certeza que seriam identificados pelo estado sólido.

O mundo VICA continuamente desafia às organizações e uma transformação digital pode ser a resposta estratégica para o mundo VICA e seus desafios.

O objetivo dessa transformação digital estratégica é para uma organização que focaliza nas pessoas e deve ser orientada pelos dados, como mostram Fletcher, Fenton e Griffiths em um livro recente onde explicam como as instituições podem trabalhar visando organizar essa transformação digital influenciada pelo mundo VICA.


 Fletcher, Fenton e Griffiths (2020, p. 19).

Esse esquema tem coisas interessantes que poderíamos comentar , mas agora não vamos entrar em detalhes, porque quero focalizar  outro aspecto.

Joseph Michelli toma algumas ideias do autor Kayvan Kian e recomenda que os gestores, neste tempo de coronavírus, prestem mais atenção para as coisas realmente importantes, reconheçam e recompensem aqueles que ajudam a avançar a instituição no meio das incertezas, e para mim, uma das mais relevantes neste momento, que sejam vistas as coisas positivas além das negativas.

Posso estar equivocado, mas quando associamos com coisas totalmente negativas os esforços de um reitor que tenta propor para a comunidade universitária que seja analisada a possibilidade de algum tipo de retomada criteriosa para não deixar abandonados os alunos no meio da pandemia, percebo que estamos olhando apenas um lado, sem muita vontade de analisar o outro, limitando assim as possibilidades de crescer neste mundo de incerteza provocado pela COVID-19, em momentos em que é necessária a colaboração desinteressada e eficaz de muitos.


AnaGutiLaso, no blog de Desarrolla-Te recomenda que para a volatilidade devemos cultivar a versatilidade. Para a incerteza devemos reconectar com a nossa identidade. Para a complexidade, procurar a clareza de um olhar livre de fanatismos e manipulações, assim como a congruência entre o que dizemos e fazemos e, para a ambiguidade que expõe o difícil que é encontrar respostas únicas e que sirvam para todos, devemos depurar a atitude contribuindo para o bem comum.

Por sua vez, Daniel Colombo recomenda ter:

Visão em curto, médio e longo prazo. Podemos mudar, mas é necessário ter uma visão superadora e com um objetivo maior;

Introspecção: como ferramenta de superação pessoal e coletiva, serenar e ver em perspectiva;

Conhecimento: na era do conhecimento nômade a tecnologia ajuda para consultar diversas fontes de informação; e

Adaptação: é necessário ter tempo para adaptar, ainda que seja necessário uma resposta rápida. Adaptar é conviver com um processo onde é necessário mudar alguns padrões de comportamento.


Vou concluir com este fragmento tomado do livro "Cegueira Moral" de Bauman e Donskis:

“Felizes  eram  os  tempos  em  que  havia  formas  evidentes  de  mal.  Hoje  não sabemos  mais  quais  são  elas  e  onde  estão [...] Há também o desejo de nos comunicar, não com aqueles que nos são próximos e que sofrem em silêncio, mas com alguém imaginado e construído, nossa própria projeção ideológica - e esse desejo caminha de par com uma inflamação de palavras e conceitos convenientes" (BAUMAN; DONSKIS, 2014, p. 12).

Referências


AnaGutiLaso. COVID para un mundo VICA. El Blog de Desarrolla-Te, 7 abril 2020.
https://desarrolloycrecimiento.home.blog/2020/04/07/covid-para-un-mundo-vica/

 
BATES, Tony. Post-Covid-19 predictions in Online Learning, Youtube. 19 de abril de 2020. https://www.youtube.com/watch?v=TNwJZH0pYUk

BAUMAN, Zygmunt; DONSKIS, Leonidas. Cegueira Moral: a perda da sensibilidade na modernidade líquida. 1. Ed. – Rio de Janeiro: Zahar, 2014. 

COLOMBO, Daniel. Un mundo V.I.C.A.: cómo adaptarnos para sobrevivir y salir fortalecidos. Puntobiz.com, 11-11-2019. https://puntobiz.com.ar/noticias/val/127200/val_s/142/un-mundo-vica-como-adaptarnos-para-sobrevivir-y-salir-fortalecidos.html

FLETCHER,  Gordon; FENTON,  Alex; GRIFFITHS,  Marie. Why do estrategic digital transformation? In: FENTON, Alex; FLETCHER,  Gordon; GRIFFITHS,  Marie.  Strategic Digital Transformation. Oxon/New York: Routledge, 2020. https://books.google.com.br/books?id=pBTADwAAQBAJ&lpg=PT27

KIAN, Kayvan. What Is Water?: How Young Leaders Can Thrive in an Uncertain World, To the Moon Publishing. 2019.


LEVY, Pierre. Coronation. Pierre Levy`s Blog, 13 May 2020. https://pierrelevyblog.com/2020/05/13/coronation/

MICHELLI,  Joseph. VUCA, Coronavirus, and Tools for Human Experience Leadership. The Michelli experience, March 10, 2020. https://www.josephmichelli.com/blog/vuca-coronavirus-human-experience-leadership/

27 de mai. de 2020

Guia da UNESCO para Práticas Educacionais Abertas (PEA)



Referência:
Huang, R., Liu, D., Tlili, A., Knyazeva, S., Chang, T. W., Zhang, X., Burgos, D., Jemni, M., Zhang, M., Zhuang, R., & Holotescu, C. Guidance on Open Educational Practices during School Closures: Utilizing OER under COVID-19 Pandemic in line with UNESCO OER Recommendation. Beijing: Smart Learning Institute of Beijing Normal University, May 2020.
https://iite.unesco.org/wp-content/uploads/2020/05/Guidance-on-Open-Educational-Practices-during-School-Closures-English-Version-V1_0.pdf
https://tinyurl.com/unescoPEA2020 

9 de mai. de 2020

Resumo do webinário "Novos Cenários de aprendizagem. Chegaram para ficar"

Pela importância e atualidade, divulgarei as anotações que fiz sobre os pontos principais de um webinário realizado no dia 7 de maio por três pesquisadores muito conhecidos da Universidade de Sevilha (Julio Cabero , Oscar Gallego e Manuel Serrano). Seu título em espanhol é "Nuevos Escenarios de Aprendizaje. Han Venido para quedarse."


1- Adaptação a novos ambientes de aprendizagem (Julio CABERO ALMENARA) (5:10min - 27:34min do vídeo),
2- Design de cenários virtuais para a aprendizagem (Oscar GALLEGO PÉREZ) (27:35min - 39:24 min),
3- Ferramentas tecnológicas nos atuais cenários formativos (Manuel SERRANO HIDALGO) (39:25min - 50:32min).
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1-  Adaptação a novos ambientes de aprendizagem. 
Palavras de Julio Cabero (5:10 min - 27:34 min):

A sociedade está mudando. A educação está mudando também?

Antes tudo estava controlado. Professor ensinava e aluno era um
receptor passivo de informação. Não mais, o cenário está mudando

Grandes Transformações:
- grande volume de informação
- período formal de instrução
- vivemos em uma sociedade de aprender a aprender
- durabilidade menor dos conteúdos
- se aprende em diferentes cenários
- as instituições escolares estavam pensadas para dar respostas corretas e duradouras.
Os informes Horizon que previam as tecnologias emergentes como se incorporariam, foram se incorporando, mas existe uma importante brecha digital.
Algumas dessas tecnologias significativas emergentes são:
- a computação em nuvem
- as analíticas de aprendizagem
- ambientes pessoais de aprendizagem
- aprendizagem móvel, ubíquo (através dos celulares)
- realidade aumentada e realidade virtual
- estratégias como ensino invertido, estudo de caso, projetos, etc.
- robótica (por exemplo para STEM)
- gamificação
- b-learning e e-learning 2.0

Hoje o docente se encontra e uma nova situação muito diferente daquele docente da sociedade pós-industrial.

A tecnologia permite criar um ecossistema de formação enriquecido pelas tecnologias. Não podemos desperdiçar estas possibilidades para formar a nossos estudantes.

O importante é incorporar tecnologias desde um ponto de vista educativo e não puramente técnico, não para fazer as mesmas coisas.

Temos que utilizar as tecnologias para desenhar novos cenários de aprendizagem diferentes e mais interessantes para nossos alunos e que lhes permitam fazer muitas mais coisas
. As tecnologias permitem como mínimo três coisas: (1) cenários enriquecidos pelas tecnologias (2) ampliar os cenários de formação. Agora temos a necessidade de trabalhar com as tecnologias e (3) a tecnologia permite trabalhar em coisas mais dinâmicas (síncronas e assíncronas).

Devemos ampliar a dimensão das TIC ou TDIC para as TAC ou TEP.*

As tecnologias serão importantes de acordo a como o professor as percebe. As CDD (Competências Digitais do Docente) não significam que o professor desde um ponto de vista técnico saiba utilizar as tecnologias. Existem muitas diferenças entre  uso das tecnologias no âmbito pessoal e no âmbito pedagógico.
 

A CDD não é o manejo instrumental das TIC.


2- Design de cenários virtuais para a aprendizagem 


Palavras de Oscar Gallego (27:35min - 39:24 min):
 

Não é reutilizar simplesmente os mesmos materiais das aulas presenciais.

As disciplinas que são utilizadas em um campus virtual devem ter que considerar estes pontos importantes:


1- sempre devem ter uma introdução à temática
2- declarar os conteúdos e competências
3- acompanhar com um mapa conceitual
4- conteúdos (um tipo de cenário)
5- e-atividades (outro tipo de cenário)
Qual utilizamos, baseados em conteúdos ou por e-atividades?
E-atividades permitem uma participação mais ativa do aluno e desenvolvimento de outras habilidades.
Recursos (audio, vídeo, animações, multimedia, ilustrações, web e simuladores) Polimedia (apoiado em vídeo, power point, simulações, etc.)
 

Digitalizar não é igual que virtualizar uma disciplina.
 

O primeiro deve ser a metodologia, não a tecnologia. 

Devemos pensar primeiro na metodologia para pensar depois em qual tecnologia vamos usar em função dessa metodologia.

Utilizamos a melhor tecnologia para o objetivo que tenha sido planejado.


3- Ferramentas tecnológicas nos atuais cenários formativos
Palavras de Manuel Serrano (39:25 min - 50:32 min):

- Importância da formação
- As ferramentas são subordinadas à formação
- Seleção adequada em cada situação
- Uso personalizado

- Autonomia pessoal na criação de conteúdo
- Ferramentas para professores e alunos (oficiais)
- uso da web 2.0
- Criação de conteúdo e avaliações em ambientes virtuais
Ferramentas para avaliações são muito solicitadas neste tempo de final de semestre em tempo de pandemia (por exemplo a central de avaliações [do Moodle?])

Qual ferramenta utilizar? (são muito variadas)

Pílulas formativas
webinars
cursos específicos
cursos de pósgrado

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* Se ficou curioso com as abreviaturas TAC e TEP, recomendo ver "Sobre TIC e outras siglas parecidas" neste mesmo blog.

8 de mai. de 2020

Sobre TIC e outras siglas ou abreviaturas parecidas


Estive um período longo sem escrever neste blog, pois estava trabalhando em outros blogs (um de ensino da língua espanhola, outro sobre infográficos, e um terceiro sobre tecnologias no ensino de línguas), mas decidi retomar este canal de comunicação com um texto que é uma nova versão de outro que escrevi em espanhol em 2015. 

Sobre TIC e outras siglas ou acrônimos parecidos 

Vamos fazer um breve passeio por algumas siglas ou abreviaturas em relação com as tecnologias, pois algumas são bem conhecidas, mas outras nem tanto.


TIC – TDIC – TRIC – TAC – TEP – TEC – TDICE. Ficamos com a língua travada, não é mesmo?
 
Então melhor vamos por partes.
 
TIC e TDIC:
 
A sigla TIC (referente a Tecnologias da Informação e Comunicação) é conhecida por muitos docentes. Essa é uma abreviatura usada desde os anos 80 pelos especialistas, mas que foi aos poucos ampliando seu uso para o público geral e acompanha o desenvolvimento da comunicação digital. Devemos considerar que TDIC (Tecnologias  Digitais da Informação e Comunicação) é uma sigla mais recente, e que está substituindo com rapidez à primeira. TDIC é na realidade uma evolução que deseja ressaltar o uso das tecnologias digitais. Esta sigla será muito mais comum e natural em pouco tempo.

 
TRIC:
 
A sigla TRIC (Tecnologias para as Relações, a Informação e a Comunicação) foi pensada com a ideia de superar a ênfase tecnológica das TIC tentando relacionar os processos que acontecem durante a permanência e participação nas redes sociais que, como sabemos, tem uma grande importância na sociedade atual.

 
TAC:
 
No caso das TAC (Tecnologias para Aprendizagem e Colaboração), como seu nome indica, procura mudar a atenção para o que é possível fazer na educação com as tecnologias, e não tanto para o fato de ter ou não ter a tecnologia ou qual tipo de tecnologia dispomos. Como docentes é interessante também pensar nas tecnologias desde esta perspectiva.

A web serve também para melhorar as nossas vidas, falar e ser ouvidos, mobilizarmos por determinadas causas, em fim, manifestarmos e participar nas decisões e rumos da sociedade, é por isso que Reig (2012) recomenda passar das TIC para as TAC e TEP.

 
TAC (2)

Existe outra TAC, mas nesse caso faz referência às Tecnologias para a Aprendizagem e o Conhecimento (ver ESPUNY; GISBERT, GONZÁLEZ; COIDURAS, 2010). Não tem muita diferença com a TAC anterior, mas não devemos deixar sem mencionar.

 
TEP:
 
As TEP (Tecnologias para o Empoderamento e Participação) permitem uma maior participação em uma democracia mais transparente e direta. O infográfico disponível em Crianzatecnologica.org, assim como os textos de Sardelich (2012) e Sancho Gil (2008) podem ajudar para entender melhor este tema, mas esse assunto não termina aqui.

 
TEC:
 
Esta sigla a conheci através de uma pedagoga argentina. TEC quer dizer Tecnologias para Ensino e Conhecimento, isto é mais uma sigla com ênfase no processo pedagógico e nos ambientes escolares. 

Já estamos quase concluindo.

 
TDICE:

Deixei para o final as TDICE (Tecnologias Digitais da Informação, Comunicação e Expressão).
 
O termo TDICE foi criado em 2010, como comenta seu autor Lacerda Santos em 2021. Outros dois textos que também pude ler naquela época inicial foram Lacerda Santos (2014) e Rosa Ferreira e Lacerda Santos (2014).

TDICE é o termo preferido por mim, mas tenho que  reconhecer que, muito infelizmente, é pouco conhecido fora da âmbito da UnB. 
 
Uso especialmente esse termo quando penso nos alunos como produtores e não apenas como consumidores de conteúdos digitais.
 
Muitos neologismos consideram essa relação estreita entre consumidor e produtor, como atestam Herrero Diz, Ramos Serrano e Nós (2016) na revisão que realizaram sobre esse tema. Por exemplo, prosumer (RIFKIN, 2000, 2014) ou produsers (BRUNS, 2008, p. 2), e mais recentemente apareceu outro termo interessante, prosumirtuador. Os prosumirtuadores são usuários consumidores e também produtores que interagem nas redes sociais (RÍOS, 2017, p. 31).  


 
Como podemos ver, as coisas não são tão simples de classificar quando pensamos em abreviaturas para as tecnologias, mas para a nossa estabilidade mental é bom colocar ordem nas coisas que fazemos e como as nomeamos. Dessa forma não fiquem muito preocupados. O que devemos fazer é saber fundamentar as nossas escolhas, seja qual for. 
 
Este tema me fez lembrar estas palavras de Burbules e Callister (2001) “a tecnologia não é apenas a coisa, senão a coisa e as pautas de uso com as quais se aplica essa tecnologia, a forma como as pessoas pensam e falam dela, assim como os problemas e expectativas que gera" (p. 23). Com isto quero dizer que de acordo a como abordemos o problema e o que desejamos focalizar no trabalho como docentes, provavelmente um termo será melhor que outro. Por isso, no final, sempre é bom ter consciência do que queremos fazer e porque para eleger a melhor opção.
 
Para finalizar, proponho uma reflexão para você, amigo leitor: 
  
Qual sigla prefere utilizar nos desafios mais imediatos com seus alunos envolvendo tecnologias: TIC, TDIC, TRIC, TAC, TEP, TEC ou TDICE? 😉

Referências

ABIO, Gonzalo. Sobre TIC y otras siglas parecidas. Espacio Santillana Español, 9 de dezembro de 2015. https://www.espaciosantillanaespanol.com.br/tecnologia/sobre-tic-y-otras-siglas-parecidas

BURBULES, Nicholas C.; CALLISTER, Thomas A. Educación: riesgos y promesas de las nuevas tecnologías de la información. Buenos Aires: Granica, 2001.

BRUNS, Axel. Blogs, Wikipedia, Second Life, and Beyond. From Production to Produsage. Series: Digital Formations, v. 45, Peter Lang International Academic Publishers, 2008.

ESPUNY, Cinta; GISBERT, Mercè; GONZÁLEZ, Juan; COIDURAS, Jordi. Los seminarios TAC. Un reto de formación para asegurar la dinamización de las TAC en las escuelas. EDUTEC, n. 34, diciembre 2010. https://www.edutec.es/revista/index.php/edutec-e/article/view/420

HERRERO DIZ, Paula; RAMOS SERRANO, Marina; NÓ, Javier. Los menores como usuarios creadores en la era digital del prosumer al creador colaborativo. Revisión teórica 1972-2016. Revista Latina de Comunicación Social, n. 71, 11, p. 1301-1322, 2016. http://www.revistalatinacs.org/071/paper/1147/67es.html

LACERDA SANTOS, Gilberto. Educação, Tecnologias e Inovação Pedagógica: em busca do Interativismo Colaborativo. Revista da FAEEBA, v. 30, n. 64, p. 226-240, 2021. https://dx.doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2021.v30.n64.p226-240

LACERDA SANTOS, Gilberto. A promoção da inclusão digital de professores em exercício: Uma Pesquisa de Síntese sobre aproximações entre professores, novas mídias e manifestações culturais emergentes na escola. Inter-ação, v. 39, p. 529-542, 2014. https://revistas.ufg.br/interacao/article/view/28790/17722
 
REIG, Dolors. Disonancia Cognitiva y apropiación de las TIC. Telos. Cuadernos de Comunicación e Innovación, n. 90, ene.-mar. 2012. https://telos.fundaciontelefonica.com/archivo/numero090/disonancia-cognitiva-y-apropiacion-de-las-tic/

RIFKIN, Jeremy. The new capitalism is about turning culture into commerce. Los Angel: Times, 2000.

RIFKIN, Jeremy. The zero marginal cost society: the Internet of things, the collaborative commons, and the eclipse of capitalism. New York: Palgrave Macmillan, 2014.

RÍOS, Héctor. De consumidores pasivos a prosumirtuadores de contenido en la didáctica de la enseñanza-aprendizaje de lenguas: no solo podcast. Boletín de ASELE, 56, p. 31-44, 2017. http://www.aselered.org/sites/default/files/boletines/asele-56.pdf

ROSA FERREIRA, Carlos Alberto; LACERDA SANTOS, Gilberto (Eds.) A inclusão digital em meios de ensino formais e não-formais. Lisboa: Universidade de Lisboa/MH edições, 2014. https://www.academia.edu/6683979/A_inclus%C3%A3o_digital_em_meios_de_ensino_formais_e_n%C3%A3o-formais_Editora_da_Universidade_de_Lisboa_

SANCHO GIL, Juana Maria. De TIC a TAC, el difícil tránsito de una vocal. Investigación en la escuela, 2008. https://idus.us.es/handle/11441/60864

SARDELICH, Maria Emilia. TIC/TAC/TEP: Tecnologias para empoderar e aprender. UNISANTA Humanitas, v.1, n. 1, p. 22-31, 2012. https://periodicos.unisanta.br/index.php/hum/article/download/106/78

[texto modificado em 2021]