27 de mai. de 2020

Guia da UNESCO para Práticas Educacionais Abertas (PEA)



Referência:
Huang, R., Liu, D., Tlili, A., Knyazeva, S., Chang, T. W., Zhang, X., Burgos, D., Jemni, M., Zhang, M., Zhuang, R., & Holotescu, C. Guidance on Open Educational Practices during School Closures: Utilizing OER under COVID-19 Pandemic in line with UNESCO OER Recommendation. Beijing: Smart Learning Institute of Beijing Normal University, May 2020.
https://iite.unesco.org/wp-content/uploads/2020/05/Guidance-on-Open-Educational-Practices-during-School-Closures-English-Version-V1_0.pdf
https://tinyurl.com/unescoPEA2020 

9 de mai. de 2020

Resumo do webinário "Novos Cenários de aprendizagem. Chegaram para ficar"

Pela importância e atualidade, divulgarei as anotações que fiz sobre os pontos principais de um webinário realizado no dia 7 de maio por três pesquisadores muito conhecidos da Universidade de Sevilha (Julio Cabero , Oscar Gallego e Manuel Serrano). Seu título em espanhol é "Nuevos Escenarios de Aprendizaje. Han Venido para quedarse."


1- Adaptação a novos ambientes de aprendizagem (Julio CABERO ALMENARA) (5:10min - 27:34min do vídeo),
2- Design de cenários virtuais para a aprendizagem (Oscar GALLEGO PÉREZ) (27:35min - 39:24 min),
3- Ferramentas tecnológicas nos atuais cenários formativos (Manuel SERRANO HIDALGO) (39:25min - 50:32min).
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1-  Adaptação a novos ambientes de aprendizagem. 
Palavras de Julio Cabero (5:10 min - 27:34 min):

A sociedade está mudando. A educação está mudando também?

Antes tudo estava controlado. Professor ensinava e aluno era um
receptor passivo de informação. Não mais, o cenário está mudando

Grandes Transformações:
- grande volume de informação
- período formal de instrução
- vivemos em uma sociedade de aprender a aprender
- durabilidade menor dos conteúdos
- se aprende em diferentes cenários
- as instituições escolares estavam pensadas para dar respostas corretas e duradouras.
Os informes Horizon que previam as tecnologias emergentes como se incorporariam, foram se incorporando, mas existe uma importante brecha digital.
Algumas dessas tecnologias significativas emergentes são:
- a computação em nuvem
- as analíticas de aprendizagem
- ambientes pessoais de aprendizagem
- aprendizagem móvel, ubíquo (através dos celulares)
- realidade aumentada e realidade virtual
- estratégias como ensino invertido, estudo de caso, projetos, etc.
- robótica (por exemplo para STEM)
- gamificação
- b-learning e e-learning 2.0

Hoje o docente se encontra e uma nova situação muito diferente daquele docente da sociedade pós-industrial.

A tecnologia permite criar um ecossistema de formação enriquecido pelas tecnologias. Não podemos desperdiçar estas possibilidades para formar a nossos estudantes.

O importante é incorporar tecnologias desde um ponto de vista educativo e não puramente técnico, não para fazer as mesmas coisas.

Temos que utilizar as tecnologias para desenhar novos cenários de aprendizagem diferentes e mais interessantes para nossos alunos e que lhes permitam fazer muitas mais coisas
. As tecnologias permitem como mínimo três coisas: (1) cenários enriquecidos pelas tecnologias (2) ampliar os cenários de formação. Agora temos a necessidade de trabalhar com as tecnologias e (3) a tecnologia permite trabalhar em coisas mais dinâmicas (síncronas e assíncronas).

Devemos ampliar a dimensão das TIC ou TDIC para as TAC ou TEP.*

As tecnologias serão importantes de acordo a como o professor as percebe. As CDD (Competências Digitais do Docente) não significam que o professor desde um ponto de vista técnico saiba utilizar as tecnologias. Existem muitas diferenças entre  uso das tecnologias no âmbito pessoal e no âmbito pedagógico.
 

A CDD não é o manejo instrumental das TIC.


2- Design de cenários virtuais para a aprendizagem 


Palavras de Oscar Gallego (27:35min - 39:24 min):
 

Não é reutilizar simplesmente os mesmos materiais das aulas presenciais.

As disciplinas que são utilizadas em um campus virtual devem ter que considerar estes pontos importantes:


1- sempre devem ter uma introdução à temática
2- declarar os conteúdos e competências
3- acompanhar com um mapa conceitual
4- conteúdos (um tipo de cenário)
5- e-atividades (outro tipo de cenário)
Qual utilizamos, baseados em conteúdos ou por e-atividades?
E-atividades permitem uma participação mais ativa do aluno e desenvolvimento de outras habilidades.
Recursos (audio, vídeo, animações, multimedia, ilustrações, web e simuladores) Polimedia (apoiado em vídeo, power point, simulações, etc.)
 

Digitalizar não é igual que virtualizar uma disciplina.
 

O primeiro deve ser a metodologia, não a tecnologia. 

Devemos pensar primeiro na metodologia para pensar depois em qual tecnologia vamos usar em função dessa metodologia.

Utilizamos a melhor tecnologia para o objetivo que tenha sido planejado.


3- Ferramentas tecnológicas nos atuais cenários formativos
Palavras de Manuel Serrano (39:25 min - 50:32 min):

- Importância da formação
- As ferramentas são subordinadas à formação
- Seleção adequada em cada situação
- Uso personalizado

- Autonomia pessoal na criação de conteúdo
- Ferramentas para professores e alunos (oficiais)
- uso da web 2.0
- Criação de conteúdo e avaliações em ambientes virtuais
Ferramentas para avaliações são muito solicitadas neste tempo de final de semestre em tempo de pandemia (por exemplo a central de avaliações [do Moodle?])

Qual ferramenta utilizar? (são muito variadas)

Pílulas formativas
webinars
cursos específicos
cursos de pósgrado

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* Se ficou curioso com as abreviaturas TAC e TEP, recomendo ver "Sobre TIC e outras siglas parecidas" neste mesmo blog.

8 de mai. de 2020

Sobre TIC e outras siglas ou abreviaturas parecidas


Estive um período longo sem escrever neste blog, pois estava trabalhando em outros blogs (um de ensino da língua espanhola, outro sobre infográficos, e um terceiro sobre tecnologias no ensino de línguas), mas decidi retomar este canal de comunicação com um texto que é uma nova versão de outro que escrevi em espanhol em 2015. 

Sobre TIC e outras siglas ou acrônimos parecidos 

Vamos fazer um breve passeio por algumas siglas ou abreviaturas em relação com as tecnologias, pois algumas são bem conhecidas, mas outras nem tanto.


TIC – TDIC – TRIC – TAC – TEP – TEC – TDICE. Ficamos com a língua travada, não é mesmo?
 
Então melhor vamos por partes.
 
TIC e TDIC:
 
A sigla TIC (referente a Tecnologias da Informação e Comunicação) é conhecida por muitos docentes. Essa é uma abreviatura usada desde os anos 80 pelos especialistas, mas que foi aos poucos ampliando seu uso para o público geral e acompanha o desenvolvimento da comunicação digital. Devemos considerar que TDIC (Tecnologias  Digitais da Informação e Comunicação) é uma sigla mais recente, e que está substituindo com rapidez à primeira. TDIC é na realidade uma evolução que deseja ressaltar o uso das tecnologias digitais. Esta sigla será muito mais comum e natural em pouco tempo.

 
TRIC:
 
A sigla TRIC (Tecnologias para as Relações, a Informação e a Comunicação) foi pensada com a ideia de superar a ênfase tecnológica das TIC tentando relacionar os processos que acontecem durante a permanência e participação nas redes sociais que, como sabemos, tem uma grande importância na sociedade atual.

 
TAC:
 
No caso das TAC (Tecnologias para Aprendizagem e Colaboração), como seu nome indica, procura mudar a atenção para o que é possível fazer na educação com as tecnologias, e não tanto para o fato de ter ou não ter a tecnologia ou qual tipo de tecnologia dispomos. Como docentes é interessante também pensar nas tecnologias desde esta perspectiva.

A web serve também para melhorar as nossas vidas, falar e ser ouvidos, mobilizarmos por determinadas causas, em fim, manifestarmos e participar nas decisões e rumos da sociedade, é por isso que Reig (2012) recomenda passar das TIC para as TAC e TEP.

 
TAC (2)

Existe outra TAC, mas nesse caso faz referência às Tecnologias para a Aprendizagem e o Conhecimento (ver ESPUNY; GISBERT, GONZÁLEZ; COIDURAS, 2010). Não tem muita diferença com a TAC anterior, mas não devemos deixar sem mencionar.

 
TEP:
 
As TEP (Tecnologias para o Empoderamento e Participação) permitem uma maior participação em uma democracia mais transparente e direta. O infográfico disponível em Crianzatecnologica.org, assim como os textos de Sardelich (2012) e Sancho Gil (2008) podem ajudar para entender melhor este tema, mas esse assunto não termina aqui.

 
TEC:
 
Esta sigla a conheci através de uma pedagoga argentina. TEC quer dizer Tecnologias para Ensino e Conhecimento, isto é mais uma sigla com ênfase no processo pedagógico e nos ambientes escolares. 

Já estamos quase concluindo.

 
TDICE:

Deixei para o final as TDICE (Tecnologias Digitais da Informação, Comunicação e Expressão).
 
O termo TDICE foi criado em 2010, como comenta seu autor Lacerda Santos em 2021. Outros dois textos que também pude ler naquela época inicial foram Lacerda Santos (2014) e Rosa Ferreira e Lacerda Santos (2014).

TDICE é o termo preferido por mim, mas tenho que  reconhecer que, muito infelizmente, é pouco conhecido fora da âmbito da UnB. 
 
Uso especialmente esse termo quando penso nos alunos como produtores e não apenas como consumidores de conteúdos digitais.
 
Muitos neologismos consideram essa relação estreita entre consumidor e produtor, como atestam Herrero Diz, Ramos Serrano e Nós (2016) na revisão que realizaram sobre esse tema. Por exemplo, prosumer (RIFKIN, 2000, 2014) ou produsers (BRUNS, 2008, p. 2), e mais recentemente apareceu outro termo interessante, prosumirtuador. Os prosumirtuadores são usuários consumidores e também produtores que interagem nas redes sociais (RÍOS, 2017, p. 31).  


 
Como podemos ver, as coisas não são tão simples de classificar quando pensamos em abreviaturas para as tecnologias, mas para a nossa estabilidade mental é bom colocar ordem nas coisas que fazemos e como as nomeamos. Dessa forma não fiquem muito preocupados. O que devemos fazer é saber fundamentar as nossas escolhas, seja qual for. 
 
Este tema me fez lembrar estas palavras de Burbules e Callister (2001) “a tecnologia não é apenas a coisa, senão a coisa e as pautas de uso com as quais se aplica essa tecnologia, a forma como as pessoas pensam e falam dela, assim como os problemas e expectativas que gera" (p. 23). Com isto quero dizer que de acordo a como abordemos o problema e o que desejamos focalizar no trabalho como docentes, provavelmente um termo será melhor que outro. Por isso, no final, sempre é bom ter consciência do que queremos fazer e porque para eleger a melhor opção.
 
Para finalizar, proponho uma reflexão para você, amigo leitor: 
  
Qual sigla prefere utilizar nos desafios mais imediatos com seus alunos envolvendo tecnologias: TIC, TDIC, TRIC, TAC, TEP, TEC ou TDICE? 😉

Referências

ABIO, Gonzalo. Sobre TIC y otras siglas parecidas. Espacio Santillana Español, 9 de dezembro de 2015. https://www.espaciosantillanaespanol.com.br/tecnologia/sobre-tic-y-otras-siglas-parecidas

BURBULES, Nicholas C.; CALLISTER, Thomas A. Educación: riesgos y promesas de las nuevas tecnologías de la información. Buenos Aires: Granica, 2001.

BRUNS, Axel. Blogs, Wikipedia, Second Life, and Beyond. From Production to Produsage. Series: Digital Formations, v. 45, Peter Lang International Academic Publishers, 2008.

ESPUNY, Cinta; GISBERT, Mercè; GONZÁLEZ, Juan; COIDURAS, Jordi. Los seminarios TAC. Un reto de formación para asegurar la dinamización de las TAC en las escuelas. EDUTEC, n. 34, diciembre 2010. https://www.edutec.es/revista/index.php/edutec-e/article/view/420

HERRERO DIZ, Paula; RAMOS SERRANO, Marina; NÓ, Javier. Los menores como usuarios creadores en la era digital del prosumer al creador colaborativo. Revisión teórica 1972-2016. Revista Latina de Comunicación Social, n. 71, 11, p. 1301-1322, 2016. http://www.revistalatinacs.org/071/paper/1147/67es.html

LACERDA SANTOS, Gilberto. Educação, Tecnologias e Inovação Pedagógica: em busca do Interativismo Colaborativo. Revista da FAEEBA, v. 30, n. 64, p. 226-240, 2021. https://dx.doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2021.v30.n64.p226-240

LACERDA SANTOS, Gilberto. A promoção da inclusão digital de professores em exercício: Uma Pesquisa de Síntese sobre aproximações entre professores, novas mídias e manifestações culturais emergentes na escola. Inter-ação, v. 39, p. 529-542, 2014. https://revistas.ufg.br/interacao/article/view/28790/17722
 
REIG, Dolors. Disonancia Cognitiva y apropiación de las TIC. Telos. Cuadernos de Comunicación e Innovación, n. 90, ene.-mar. 2012. https://telos.fundaciontelefonica.com/archivo/numero090/disonancia-cognitiva-y-apropiacion-de-las-tic/

RIFKIN, Jeremy. The new capitalism is about turning culture into commerce. Los Angel: Times, 2000.

RIFKIN, Jeremy. The zero marginal cost society: the Internet of things, the collaborative commons, and the eclipse of capitalism. New York: Palgrave Macmillan, 2014.

RÍOS, Héctor. De consumidores pasivos a prosumirtuadores de contenido en la didáctica de la enseñanza-aprendizaje de lenguas: no solo podcast. Boletín de ASELE, 56, p. 31-44, 2017. http://www.aselered.org/sites/default/files/boletines/asele-56.pdf

ROSA FERREIRA, Carlos Alberto; LACERDA SANTOS, Gilberto (Eds.) A inclusão digital em meios de ensino formais e não-formais. Lisboa: Universidade de Lisboa/MH edições, 2014. https://www.academia.edu/6683979/A_inclus%C3%A3o_digital_em_meios_de_ensino_formais_e_n%C3%A3o-formais_Editora_da_Universidade_de_Lisboa_

SANCHO GIL, Juana Maria. De TIC a TAC, el difícil tránsito de una vocal. Investigación en la escuela, 2008. https://idus.us.es/handle/11441/60864

SARDELICH, Maria Emilia. TIC/TAC/TEP: Tecnologias para empoderar e aprender. UNISANTA Humanitas, v.1, n. 1, p. 22-31, 2012. https://periodicos.unisanta.br/index.php/hum/article/download/106/78

[texto modificado em 2021]