Devo dizer que, na minha opinião, eles foram escritos com um tom meio fatalista. Embora não é dito assim, detrás das linhas podemos escutar o seguinte: "o que podemos fazer contra isso?"
Digo que são fatalistas, porque parece que nada pode ser feito, apenas ter o mecanismo de "controle" adequado: um programa de computador específico, proibir o texto impresso, etc., etc.
Eu fico muito bravo, cada vez que meus filhos trazem da escola um pedido de uma pesquisa sobre um tema X e sem maiores detalhes. Um pedido desses só convida para o cópia e cola e acredito que se ainda não sabem, logo logo os adolescentes aprendem como "resolver" o problema dessa "pesquisa vazia", além do mais, quando muitas vezes servem apenas para preencher uma nota.
Tenho a impressão que os professores não conhecem que com perguntas desafiadoras e com metodologias como webquests e "caças ao tesouro", além do básico seguimento personalizado do processo de pesquisa e desenvolvimento acadêmico do aluno" é que pode ser controlada essa tendência da cópia indiscriminada, e levar o aluno para níveis mais profundos do conhecimento.
No final, embora algumas pessoas não acreditem nisto que vou dizer, é muito reconfortante quando uma pesquisa nos leva a novas descobertas, ou quando a partir de um desafio inicial e navegando pela Internet, aprendemos outras coisas que não estavam previstas inicialmente. É só saber incentivar adequadamente, saber reconhecer os logros e saber estimular a necessidade de processar devidamente a informação; saber parafrasear e citar os autores, quando necessário, etc. Para isso o professor tem que estar preparado e não só para controlar e dar o visto bom para o trabalho produzido pelo aluno.
Bom, depois de tudo isso, aqui estão os dois artigos citados. Julgue você mesmo:

PLÁGIO VIRA PESADELO EM UNIVERSIDADES
por Felipe Farias. Gazeta de Alagoas (Cidades D5), 19 de agosto de 2007.
Considerado um caminho fácil e com as vantagens de acesso a textos diversos, trabalhos copiados da internet impõem mudanças em faculdades.
O caminho é fácil porque requer apenas cinco teclas para executar os comandos: uma dassetas + shift (maiúsculas) para selecionar o texto e mais três (ctrl + C; ctrl + V) para copiá-lo e colá-lo. E, ironicamente, o resultado é o exemplo mais acabado da "lei do menor esforço". O problema éque pode tratar-se de um crime, previsto em lei federal: plágio.
Com as vantagens de acesso a textos diversos, dos mais variados campos do conhecimento,possibilitadas pela internet, copiar uma idéia e fazê-la passar por sua usando para isso arede mundial de computadores virou pesadelo para professores e chegou a mudar práticas pararecebimento de trabalhos em diversas instituições de ensino superior.
"Eu me sinto regredindo à 'idade da pedra', mas, infelizmente, tornou-se uma prática necessáriaporque o aluno não quer pensar", ironiza o coordenador do curso de Ciências da Computação daFaculdade Alagoana de Administração (FAA), Valdick Sales, ao informar que passou a exigirtrabalhos manuscritos de seus alunos, como uma das alternativas para fazer frente ao problema.
"Em 2005, a Universidade Federal do Rio de Janeiro também estipulou como exigência para entrega de trabalhos que eles viessem manuscritos. Não é a solução, mas, pelo menos faz o aluno pensar", endossa o professor doutor Nelso Rodrigues Abreu, titular da disciplina Gestão de Recursos Humanos da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
Foi dele a sugestão para que a instituição adotasse um programa para "farejar", entre ostrabalhos dos alunos, cópias de textos que circulam pela internet, o qual tomou conhecimento numa universidade de Minas Gerais, que já tinha recorrido ao programa para enfrentar o problema.
A sugestão levou a uma exigência paradoxal - igualmente motivada pela tentativa de combater o plágio: a de que os trabalhos sejam entregues apenas em meio eletrônico, como disquete, parapossibilitar a aplicação das ferramentas de varredura do programa.
A adoção de um programa exclusivo para combater plágio mostra a preocupação do segmento docente com a extensão do problema.
De tão disseminado até já recebeu o apelido familiar das teclas de atalho com que se executa asfunções de copiar um texto de qualquer ponto e colá-lo onde quer que se queira - hoje o pesadelo de coordenadores de cursos superiores, diretores de faculdades, mas, sobretudo, de professoresque orientam trabalhos de conclusão de curso -, responde pelo nome de "control C control V".
CERTEZA DE IMPUNIDADE FAVORECE PRÁTICA
No Ensino Médo, preocupação dos professores aumentou quando identificaram alunos com o mesmo tipo de trabalhos e erros.
por Felipe Farias, Gazeta de Alagoas (Cidades D7), 19 de agosto de 2007.
No ano passado, a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Ufal detectou cinco casos de alunos que recorreram à prática do plágio para se formar. O episódio foi administrado com sigilo: os plageadores foram reprovados à época, mas três estão para se formar. "Decidimostomar uma posição mais educativa", justifica o então diretor, Anderson de Barros Dantas,daíporque eles tiveram uma nova oportunidade.
Há cerca de dois anos, houve episódio semelhante no curso de Comunicação Social do Centro deEstudos Superiores de Maceió (Cesmac) - também tratado com sigilo. "E uma postura individual, mas o aluno que recorre a isso tem de ter noção que mais cedo ou mais tarde aquele trabalho que ele assinou como seu será flagrado, porque a facilidade de acesso que ele teve as outras pessoas também têm", disse a professora Cristina Britto, coordenadora do curso de Comunicação Social do Cesmac.
De acordo com os responsáveis, a atitude não chega a se configurar numa "praga" - a incidêncianão passaria de 5%. Mas, se a missão da instituição é educar, deve ser combatida.
"O professor deve acompanhar o aluno desde o começo do curso; o que aumenta sua responsabilidade.
Ele tem de fazer ver ao aluno que ele está ali para aprender, não para tirar nota; a nota é umaconsequência", diz Nelsio Rodrigues, da faculdade de Economia da Ufal.
A responsabilidade e a apreensão recaem sobre a figura do orientador do trabalho de conclusão de curso (TCC). É ele que acompanha o aluno desde a escolha do tema sobre o qual quer desenvolver até o momento em que apresenta seu TCC para a banca examinadora.
Para Nelsio, um problema como esse com um aluno envolve o orientador, já que coube a eleacompanhar todas as fases da elaboração do TCC. "É o nome dele que vai constar lá"."A responsabilidade cabe ao orientador, mas, muitas vezes, sem recursos tecnológicos, ele não tem como fazer frente a isso. Além do mais, há casos de professores com sete a dez alunos comtrabalhos de conclusão de curso para apresentar e que geralmente, só escolhem o orientador nos três últimos meses do curso", explica Anderson de Barros Dantas.
Segundo ele, parte do problema se dá pela certeza da impunidade: o aluno saber que não será pego.
Para os educadores, além de possibilitar acesso a uma infinidade de informações, a Internet também dá origem à "preguiça de pensar".
Mas, é no ensino médio que a busca pelo "caminho mais fácil" adquire contornos mais flagrantes.Eles não têm nem o trabalho de diagramar", diz o coordenador do ensino médio do Colégio Inei, Luiz António Corrêa.
Segundo ele, a preocupação aumentou quando os professores identificaram alunos com o mesmo tipo de trabalho e de erros. "Quando se passa algum texto da internet para a impressão, às vezes o gráfico fica fora das margens, os textos saem incompletos", relata.
Para ele, o problema está na má utilização dos recursos benéficos da Internet, uma biblioteca mais completa que as demais. "Se ele fizesse o trabalho e estivesse aprendendo, seria positivo. Em vez de levar horas para aprender com os métodos convencionais de produzir os trabalhos,ele faz o trabalho em quinze minutos e não aprende nada. Para isso, internet não é interessante".
Por isso, a escola mudou sua metodologia: em vez de trabalhos trazidos prontos de casa, pesquisa sobre temas específicos debatidos em sala de aula e, sobretudo, ènfase na redação, para inventivá-lo a desenvolver a habilidade de se expressar, mesmo em temas de outras disciplinas.