8 de mai. de 2020

Sobre TIC e outras siglas ou abreviaturas parecidas


Estive um período longo sem escrever neste blog, pois estava trabalhando em outros blogs (um de ensino da língua espanhola, outro sobre infográficos, e um terceiro sobre tecnologias no ensino de línguas), mas decidi retomar este canal de comunicação com um texto que é uma nova versão de outro que escrevi em espanhol em 2015. 

Sobre TIC e outras siglas ou acrônimos parecidos 

Vamos fazer um breve passeio por algumas siglas ou abreviaturas em relação com as tecnologias, pois algumas são bem conhecidas, mas outras nem tanto.


TIC – TDIC – TRIC – TAC – TEP – TEC – TDICE. Ficamos com a língua travada, não é mesmo?
 
Então melhor vamos por partes.
 
TIC e TDIC:
 
A sigla TIC (referente a Tecnologias da Informação e Comunicação) é conhecida por muitos docentes. Essa é uma abreviatura usada desde os anos 80 pelos especialistas, mas que foi aos poucos ampliando seu uso para o público geral e acompanha o desenvolvimento da comunicação digital. Devemos considerar que TDIC (Tecnologias  Digitais da Informação e Comunicação) é uma sigla mais recente, e que está substituindo com rapidez à primeira. TDIC é na realidade uma evolução que deseja ressaltar o uso das tecnologias digitais. Esta sigla será muito mais comum e natural em pouco tempo.

 
TRIC:
 
A sigla TRIC (Tecnologias para as Relações, a Informação e a Comunicação) foi pensada com a ideia de superar a ênfase tecnológica das TIC tentando relacionar os processos que acontecem durante a permanência e participação nas redes sociais que, como sabemos, tem uma grande importância na sociedade atual.

 
TAC:
 
No caso das TAC (Tecnologias para Aprendizagem e Colaboração), como seu nome indica, procura mudar a atenção para o que é possível fazer na educação com as tecnologias, e não tanto para o fato de ter ou não ter a tecnologia ou qual tipo de tecnologia dispomos. Como docentes é interessante também pensar nas tecnologias desde esta perspectiva.

A web serve também para melhorar as nossas vidas, falar e ser ouvidos, mobilizarmos por determinadas causas, em fim, manifestarmos e participar nas decisões e rumos da sociedade, é por isso que Reig (2012) recomenda passar das TIC para as TAC e TEP.

 
TAC (2)

Existe outra TAC, mas nesse caso faz referência às Tecnologias para a Aprendizagem e o Conhecimento (ver ESPUNY; GISBERT, GONZÁLEZ; COIDURAS, 2010). Não tem muita diferença com a TAC anterior, mas não devemos deixar sem mencionar.

 
TEP:
 
As TEP (Tecnologias para o Empoderamento e Participação) permitem uma maior participação em uma democracia mais transparente e direta. O infográfico disponível em Crianzatecnologica.org, assim como os textos de Sardelich (2012) e Sancho Gil (2008) podem ajudar para entender melhor este tema, mas esse assunto não termina aqui.

 
TEC:
 
Esta sigla a conheci através de uma pedagoga argentina. TEC quer dizer Tecnologias para Ensino e Conhecimento, isto é mais uma sigla com ênfase no processo pedagógico e nos ambientes escolares. 

Já estamos quase concluindo.

 
TDICE:

Deixei para o final as TDICE (Tecnologias Digitais da Informação, Comunicação e Expressão).
 
O termo TDICE foi criado em 2010, como comenta seu autor Lacerda Santos em 2021. Outros dois textos que também pude ler naquela época inicial foram Lacerda Santos (2014) e Rosa Ferreira e Lacerda Santos (2014).

TDICE é o termo preferido por mim, mas tenho que  reconhecer que, muito infelizmente, é pouco conhecido fora da âmbito da UnB. 
 
Uso especialmente esse termo quando penso nos alunos como produtores e não apenas como consumidores de conteúdos digitais.
 
Muitos neologismos consideram essa relação estreita entre consumidor e produtor, como atestam Herrero Diz, Ramos Serrano e Nós (2016) na revisão que realizaram sobre esse tema. Por exemplo, prosumer (RIFKIN, 2000, 2014) ou produsers (BRUNS, 2008, p. 2), e mais recentemente apareceu outro termo interessante, prosumirtuador. Os prosumirtuadores são usuários consumidores e também produtores que interagem nas redes sociais (RÍOS, 2017, p. 31).  


 
Como podemos ver, as coisas não são tão simples de classificar quando pensamos em abreviaturas para as tecnologias, mas para a nossa estabilidade mental é bom colocar ordem nas coisas que fazemos e como as nomeamos. Dessa forma não fiquem muito preocupados. O que devemos fazer é saber fundamentar as nossas escolhas, seja qual for. 
 
Este tema me fez lembrar estas palavras de Burbules e Callister (2001) “a tecnologia não é apenas a coisa, senão a coisa e as pautas de uso com as quais se aplica essa tecnologia, a forma como as pessoas pensam e falam dela, assim como os problemas e expectativas que gera" (p. 23). Com isto quero dizer que de acordo a como abordemos o problema e o que desejamos focalizar no trabalho como docentes, provavelmente um termo será melhor que outro. Por isso, no final, sempre é bom ter consciência do que queremos fazer e porque para eleger a melhor opção.
 
Para finalizar, proponho uma reflexão para você, amigo leitor: 
  
Qual sigla prefere utilizar nos desafios mais imediatos com seus alunos envolvendo tecnologias: TIC, TDIC, TRIC, TAC, TEP, TEC ou TDICE? 😉

Referências

ABIO, Gonzalo. Sobre TIC y otras siglas parecidas. Espacio Santillana Español, 9 de dezembro de 2015. https://www.espaciosantillanaespanol.com.br/tecnologia/sobre-tic-y-otras-siglas-parecidas

BURBULES, Nicholas C.; CALLISTER, Thomas A. Educación: riesgos y promesas de las nuevas tecnologías de la información. Buenos Aires: Granica, 2001.

BRUNS, Axel. Blogs, Wikipedia, Second Life, and Beyond. From Production to Produsage. Series: Digital Formations, v. 45, Peter Lang International Academic Publishers, 2008.

ESPUNY, Cinta; GISBERT, Mercè; GONZÁLEZ, Juan; COIDURAS, Jordi. Los seminarios TAC. Un reto de formación para asegurar la dinamización de las TAC en las escuelas. EDUTEC, n. 34, diciembre 2010. https://www.edutec.es/revista/index.php/edutec-e/article/view/420

HERRERO DIZ, Paula; RAMOS SERRANO, Marina; NÓ, Javier. Los menores como usuarios creadores en la era digital del prosumer al creador colaborativo. Revisión teórica 1972-2016. Revista Latina de Comunicación Social, n. 71, 11, p. 1301-1322, 2016. http://www.revistalatinacs.org/071/paper/1147/67es.html

LACERDA SANTOS, Gilberto. Educação, Tecnologias e Inovação Pedagógica: em busca do Interativismo Colaborativo. Revista da FAEEBA, v. 30, n. 64, p. 226-240, 2021. https://dx.doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2021.v30.n64.p226-240

LACERDA SANTOS, Gilberto. A promoção da inclusão digital de professores em exercício: Uma Pesquisa de Síntese sobre aproximações entre professores, novas mídias e manifestações culturais emergentes na escola. Inter-ação, v. 39, p. 529-542, 2014. https://revistas.ufg.br/interacao/article/view/28790/17722
 
REIG, Dolors. Disonancia Cognitiva y apropiación de las TIC. Telos. Cuadernos de Comunicación e Innovación, n. 90, ene.-mar. 2012. https://telos.fundaciontelefonica.com/archivo/numero090/disonancia-cognitiva-y-apropiacion-de-las-tic/

RIFKIN, Jeremy. The new capitalism is about turning culture into commerce. Los Angel: Times, 2000.

RIFKIN, Jeremy. The zero marginal cost society: the Internet of things, the collaborative commons, and the eclipse of capitalism. New York: Palgrave Macmillan, 2014.

RÍOS, Héctor. De consumidores pasivos a prosumirtuadores de contenido en la didáctica de la enseñanza-aprendizaje de lenguas: no solo podcast. Boletín de ASELE, 56, p. 31-44, 2017. http://www.aselered.org/sites/default/files/boletines/asele-56.pdf

ROSA FERREIRA, Carlos Alberto; LACERDA SANTOS, Gilberto (Eds.) A inclusão digital em meios de ensino formais e não-formais. Lisboa: Universidade de Lisboa/MH edições, 2014. https://www.academia.edu/6683979/A_inclus%C3%A3o_digital_em_meios_de_ensino_formais_e_n%C3%A3o-formais_Editora_da_Universidade_de_Lisboa_

SANCHO GIL, Juana Maria. De TIC a TAC, el difícil tránsito de una vocal. Investigación en la escuela, 2008. https://idus.us.es/handle/11441/60864

SARDELICH, Maria Emilia. TIC/TAC/TEP: Tecnologias para empoderar e aprender. UNISANTA Humanitas, v.1, n. 1, p. 22-31, 2012. https://periodicos.unisanta.br/index.php/hum/article/download/106/78

[texto modificado em 2021]

Um comentário:

Gonzalo Abio disse...

Outra proposta de acrônimo:
TECCC: Tecnologias de Expressão, Comunicação e Construção de Conhecimentos (PULITA, 2017).

PULITA, Edemir Jose. Interfaces entre educação e tecnologias: imagens, experiências e ressignificações da educaç@o formal na era digital sob um olhar benjaminiano.
2017. 349 f., il. Tese (Doutorado em Educação)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017. https://repositorio.unb.br/handle/10482/23215